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Rui Ferreira autor

Nas páginas deste blog, desvendo o meu universo literário. Entre linhas e versos convido-o a mergulhar nas emoções e reflexões que habitam nas minhas palavras. Este é o espaço onde as ideias ganham vida.

Rui Ferreira autor

Nas páginas deste blog, desvendo o meu universo literário. Entre linhas e versos convido-o a mergulhar nas emoções e reflexões que habitam nas minhas palavras. Este é o espaço onde as ideias ganham vida.

Crítica literária da Oficina da Escrita

20.09.21 | RF
Confira aqui a crítica literária produzida pela Oficina da Escrita a "A vida numa cicatriz".
 

A Vida Numa Cicatriz, de Rui Ferreira

 
 

A Vida Numa Cicatriz é um livro do autor português, Rui Ferreira.

 

Nesta obra, o autor apresenta-nos uma narrativa rica, quer pela informação e pesquisa que denota quer pela história que nos conquista a cada página.

Neste romance conhecemos o desespero e as incertezas daqueles que se viram envolvidos na teia louca das guerras coloniais.

Com fantásticas descrições dos lugares que nos apresenta, o autor conquista o leitor pela capacidade que tem de nos transportar para os espaços onde decorre a ação e nos fazer viver a sua história.

As suas personagens incrivelmente bem caracterizadas, com personalidades vincadas, fazem o leitor criar por elas empatia e apreciá-las, tornando a leitura agradável e verdadeiramente íntima.

A sua linguagem límpida e despretensiosa proporciona um bom momento de leitura, acessível a todas as idades.

Um livro que todos deveriam ler, sem exceção. Fazemos votos de que o autor nos presenteie brevemente com mais histórias profundas e intensas como é A Vida Numa Cicatriz.

 
 

COMPRAR LIVRO

 

https://www.oficinadaescrita.com/post/a-vida-numa-cicatriz-de-rui-ferreira?fbclid=IwAR2MtvdJJrJ73nFwx2AJ0nJCR8haXlvvG1FtaI0XAzkkUkVMBtp22AexIHM

 
 
 
 

O meu direito à indignação

19.09.21 | RF

 

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Neste pequeno país à beira-mar plantado, onde frequentemente se exalta o culto da banalidade, em que a meritocracia foi deposta pelo “Culambismo” e onde os especialistas são substituídos pelos “Tudólogos”, o centralismo patético e bacoco encontrou o berço perfeito para se embalar e fazer embalar todo um país, anestesiado e amorfo.

Este país faz-me lembrar um velho decrépito, anafado, com uma barriga proeminente e o umbigo saliente e é esse mesmo umbigo o centro do seu corpo disforme, que de tão pesado se inclina invariavelmente para a frente, tantas são as vezes que o contempla.

Apesar de já poucas coisas me surpreenderem, não consegui deixar de ficar indignado com esta nova pérola, exemplo desse centralismo parolo exacerbado, que foi a justificação da decisão para manter o Tribunal Constitucional em Lisboa.

Os doutos e honoráveis juízes conselheiros consideram (à honrosa excepção de três dos treze que compõem o TC), lá do alto da sua incomensurável sapiência, que a transferência do TC teria "carga simbólica negativa", "degradando a perceção pública da autoridade, autonomia e relevância do órgão", chegando a assinalar que tal facto seria “um grave desprestigio” para a instituição.

Isto equivaleria a dizer, digo eu, que deveríamos desmantelar e mudar para Lisboa o castelo de Guimarães, berço da nação, uma vez que, estando onde está, desprestigia os nossos fundadores. A não ser que não sejam dignos de tal honra, afinal D. Afonso Henriques renegou e combateu a sua própria mãe. Será?

Aliás, melhor seria que se reescrevesse toda a história e se circunscrevesse o país à Capital, criando uma cidade estado, entregando o restante aos nossos vizinhos espanhóis, ou então, melhor ainda, teríamos um novo país, com a geografia restante.

Afinal, o resto do país parece não ser digno de receber uma instituição de um órgão de soberania. Talvez seja pela geografia acidentada, pelo clima agreste, pela falta de acesso aos meios de comunicação e às novas tecnologias, eu sei lá, até parece que nós só temos acesso ao mundo global quando vamos à capital.

Depois do célebre e inenarrável caso da transferência do Infarmed para o Porto, somos novamente brindados com mais esta preciosidade da linha de pensamento dominante nos corredores dos órgãos de soberania nacionais.

Esta “variante” de pensamento que é super resistente e altamente contagiosa, parece contudo ter um handicap, está praticamente circunscrita a esses corredores de poder. Falta-nos encontrar a vacina ou o antídoto certo para a erradicar.

Quando ousarem falar em coesão do território, tema tão querido aos políticos da Capital, nomeadamente quando visitam o território para além da Capital (sim, porque existe vida para além dela), lembrem-se destes ignóbeis atos e mantenham a boca fechada. É melhor assim, o povo agradece.

#ruiferreiraautor
#autoresportugueses
#autoresnacionais

O meu direito à indignação

19.09.21 | RF

portugal-e-lisboa (1).jpg

 

Neste pequeno país à beira-mar plantado, onde frequentemente se exalta o culto da banalidade, em que a meritocracia foi deposta pelo “Culambismo” e onde os especialistas são substituídos pelos “Tudólogos”, o centralismo patético e bacoco encontrou o berço perfeito para se embalar e fazer embalar todo um país, anestesiado e amorfo.

Este país faz-me lembrar um velho decrépito, anafado, com uma barriga proeminente e o umbigo saliente e é esse mesmo umbigo o centro do seu corpo disforme, que de tão pesado se inclina invariavelmente para a frente, tantas são as vezes que o contempla e admira.

Apesar de já poucas coisas me surpreenderem, não consegui deixar de ficar indignado com esta nova pérola, exemplo desse centralismo parolo exacerbado, que foi a justificação da decisão para manter o Tribunal Constitucional em Lisboa.

Os doutos e honoráveis juízes conselheiros consideram (à honrosa excepção de três dos treze que compõem o TC), lá do alto da sua incomensurável sapiência, que a transferência do TC teria "carga simbólica negativa", "degradando a perceção pública da autoridade, autonomia e relevância do órgão", chegando a assinalar que tal facto seria “um grave desprestigio” para a instituição.

Isto equivaleria a dizer, digo eu, que deveríamos desmantelar e mudar para a Capital o castelo de Guimarães, berço da nação, uma vez que, estando onde está, desprestigia os nossos fundadores. A não ser que não sejam dignos de tal honra, afinal D. Afonso Henriques renegou e combateu a sua própria mãe. Será?

Aliás, melhor seria que se reescrevesse toda a história e se circunscrevesse o país à Capital, criando uma cidade estado, entregando o restante aos nossos vizinhos espanhóis, ou então, melhor ainda, teríamos um novo país com a geografia restante.

Afinal, o resto do país parece não ser digno de receber uma instituição de um órgão de soberania. Talvez seja pela geografia acidentada, pelo clima agreste, pela falta de acesso aos meios de comunicação e às novas tecnologias, eu sei lá, até parece que nós só temos acesso ao mundo global quando vamos à capital.

Depois do célebre e inenarrável caso da transferência do Infarmed para o Porto, somos novamente brindados com mais esta preciosidade da linha de pensamento dominante nos corredores dos órgãos de soberania nacionais.

Esta “variante” de pensamento que é super resistente e altamente contagiosa, parece contudo ter um handicap, está praticamente circunscrita a esses corredores de poder. Falta-nos encontrar a vacina ou o antídoto certo para a erradicar.

Quando ousarem falar em coesão do território, tema tão querido aos políticos da Capital, nomeadamente quando visitam o território para além da Capital (sim, porque existe vida para além dela), lembrem-se destes ignóbeis atos e mantenham a boca fechada. É melhor assim, o povo agradece.

#ruiferreiraautor
#autoresportugueses
#autoresnacionais

Sinto-te falta

17.09.21 | RF



As ausências a que me obrigas

Marcadas por esse teu triste olhar

São sombras envergonhadas de intrigas

A que me sujeito sem me preocupar

 

Refugio-me nesse teu olhar penetrante

Escondo-me em mim da tua presença

Perco-me neste caminho errante

Que percorro em constante descrença

 

A felicidade é uma quimera

É efémero sentimento cantado

Por poetas desta e de outra era

Em canção e em verso rimado

 

O amor, esse sentimento tão nobre

Brota de qualquer coração enamorado

Seja rico ou seja pobre

É assim a vida de um apaixonado

 

Nas ausências insisto em ficar

Ao teu lado ainda que te perca

Perdido na imensidão do teu olhar

Refugiado no coração que se aperta

 

Encontro-te finalmente entre a imensidão

Dos meus sonhos e pesadelos urdidos

Tornas-te o meu rochedo, o meu bastião

Senhora de destinos incompreendidos

 

Rendo-me nesta destemida covardia

De declarar este amor que me assalta

Que cresce nesta alma deserta, bravia

E ainda que te tenha, sinto-te falta.

 

#ruiferreiraautor
#autoresportugueses
#autoresnacionais

Sinto-te falta

16.09.21 | RF

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As ausências a que me obrigas

Marcadas por esse teu triste olhar

São sombras envergonhadas de intrigas

A que me sujeito sem me preocupar

 

Refugio-me nesse teu olhar penetrante

Escondo-me em mim da tua presença

Perco-me neste caminho errante

Que percorro em constante descrença

 

A felicidade é uma quimera

É efémero sentimento cantado

Por poetas desta e de outra era

Em canção e em verso rimado

 

O amor, esse sentimento tão nobre

Brota de qualquer coração enamorado

Seja rico ou seja pobre

É assim a vida de um apaixonado

 

Nas ausências insisto em ficar

Ao teu lado ainda que te perca

Perdido na imensidão do teu olhar

Refugiado no coração que se aperta

 

Encontro-te finalmente entre a imensidão

Dos meus sonhos e pesadelos urdidos

Tornas-te o meu rochedo, o meu bastião

Senhora de destinos incompreendidos

 

Rendo-me nesta destemida covardia

De declarar este amor que me assalta

Que cresce nesta alma deserta, bravia

E ainda que te tenha, sinto-te falta.

 

#ruiferreiraautor
#autoresportugueses
#autoresnacionais

Guerra do Ultramar: assunto esquecido ou proibido?

12.09.21 | RF

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A questão surge do facto de, a guerra do Ultramar, ser o pano de fundo da história de “A vida numa cicatriz”. Muitos me questionam acerca dessa questão, alguns surpreendidos, porque aparentemente a guerra do ultramar não é do seu conhecimento, outros porque se indignam com a temática e não a querem discutir.

Não consigo deixar de ficar surpreendido, ou talvez não, com o grau de desconhecimento que muita da minha geração e todas as outras que a sucedem, têm acerca da guerra do ultramar. Não que desconheçam a sua existência, mas sobretudo, por desconhecerem quase tudo ou muito do que lá se passou e muito do que por cá se passou após ter terminado. Cá, agigantou-se uma outra guerra, passiva, fria, silenciosa, “envergonhada”, no subconsciente de muitos dos ex-combatentes, pelos quais tenho um profundo sentimento de respeito e consideração.

É um dado adquirido que quase todas as famílias portuguesas tiveram algum familiar, mais próximo ou mais afastado, que esteve presente nas ex-colónias, mobilizado em defesa da pátria (cerca de 90% da juventude masculina esteve lá presente durante os 13 anos de conflito).

Seria portanto normalíssimo, que a questão da guerra colonial fosse um assunto sobejamente conhecido e discutido, mas curiosamente, ou talvez não, não é.

É assunto tabu nesta nossa sociedade que está sempre pronta para discutir tudo e mais alguma coisa, excepto os assuntos incómodos ou mais sensíveis. Ao que parece não se pode ou não se deve dizer, nem mesmo em família, que 8.831 militares portugueses perderam a vida nas ex-colónias (dados do EMGFA), e que cerca de 100.000 ficaram feridos ou incapacitados.

Durante anos não se falava, a não ser muito superficialmente, dos traumas de guerra e das dificuldades que muitos dos ex-combatentes tiveram para se integrarem novamente numa sociedade que, aparentemente, apenas os queria esquecer.

O estado português, que tardiamente veio a reconhecer o sacrifício, que estes homens fizeram em prol de algo que, estou convicto, muitos desconheciam ou não percebiam quando foram mobilizados (reparem que os homens e mulheres dos movimentos que lutavam pela independência eram catalogados como terroristas e não como militares), continua em falta com os portugueses ao não promover a discussão acerca das razões, as verdadeiras razões, que levaram o país para este conflito, acerca de tudo o que foi feito no teatro de guerra e da famigerada descolonização, que não sendo nem um sucesso, nem um fiasco, foi a possível face à conjetura nacional e internacional.

Reconheço que o tema, da guerra nas ex-colónias não é fácil, não é consensual, mas é um facto insofismável, marcante da nossa história, que não deve continuar a ser “ignorado” e constantemente varrido para debaixo do tapete. Daí tê-lo trazido à liça como tema fulcral da história.

O país deve, à memória de todos aqueles que fizeram o supremo sacrifício, que o assunto seja discutido, debatido de forma séria e aprofundada, sem tabus. Deve aos que voltaram, o reconhecimento do seu esforço e a devida “compensação”, não só pelo que fizeram pela pátria, mas sobretudo pelo que passaram e passam, em consequência desse desempenho.

A chamada do tema à história teve isso como objetivo, ou seja, pretende que seja discutido, que seja dado a conhecer a todos quantos a ignoram, conscientemente ou inconscientemente, na certeza que deixou cicatrizes profundas na sociedade que precisam ser definitivamente curadas.

Também por isso, dediquei o livro, “A todos os ex-combatentes e em especial aos que fizeram o supremo sacrifício pela pátria.”

Guerra do Ultramar: assunto esquecido ou proibido?

12.09.21 | RF

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A questão surge do facto de, a guerra do Ultramar, ser o pano de fundo da história de “A vida numa cicatriz”. Muitos me questionam acerca dessa questão, alguns surpreendidos, porque aparentemente a guerra do ultramar não é do seu conhecimento, outros porque se indignam com a temática e não a querem discutir.

Não consigo deixar de ficar surpreendido, ou talvez não, com o grau de desconhecimento que muita da minha geração e todas as outras que a sucedem, têm acerca da guerra do ultramar. Não que desconheçam a sua existência, mas sobretudo, por desconhecerem quase tudo ou muito do que lá se passou e muito do que por cá se passou após ter terminado. Cá, agigantou-se uma outra guerra, passiva, fria, silenciosa, “envergonhada”, no subconsciente de muitos dos ex-combatentes, pelos quais tenho um profundo sentimento de respeito e consideração.

É um dado adquirido que quase todas as famílias portuguesas tiveram algum familiar, mais próximo ou mais afastado, que esteve presente nas ex-colónias, mobilizado em defesa da pátria (cerca de 90% da juventude masculina esteve lá presente durante os 13 anos de conflito).

Seria portanto normalíssimo, que a questão da guerra colonial fosse um assunto sobejamente conhecido e discutido, mas curiosamente, ou talvez não, não é.

É assunto tabu nesta nossa sociedade que está sempre pronta para discutir tudo e mais alguma coisa, excepto os assuntos incómodos ou mais sensíveis. Ao que parece não se pode ou não se deve dizer, nem mesmo em família, que 8.831 militares portugueses perderam a vida nas ex-colónias (dados do EMGFA), e que cerca de 100.000 ficaram feridos ou incapacitados.

Durante anos não se falava, a não ser muito superficialmente, dos traumas de guerra e das dificuldades que muitos dos ex-combatentes tiveram para se integrarem novamente numa sociedade que, aparentemente, apenas os queria esquecer.

O estado português, que tardiamente veio a reconhecer o sacrifício, que estes homens fizeram em prol de algo que, estou convicto, muitos desconheciam ou não percebiam quando foram mobilizados (reparem que os homens e mulheres dos movimentos que lutavam pela independência eram catalogados como terroristas e não como militares), continua em falta com os portugueses ao não promover a discussão acerca das razões, as verdadeiras razões, que levaram o país para este conflito, acerca de tudo o que foi feito no teatro de guerra e da famigerada descolonização, que não sendo nem um sucesso, nem um fiasco, foi a possível face à conjectura nacional e internacional.

Reconheço que o tema, da guerra nas ex-colónias não é fácil, não é consensual, mas é um facto insofismável, marcante da nossa história, que não deve continuar a ser “ignorado” e constantemente varrido para debaixo do tapete. Daí tê-lo trazido à liça como tema fulcral da história.

O país deve, à memória de todos aqueles que fizeram o supremo sacrifício, que o assunto seja discutido, debatido de forma séria e aprofundada, sem tabus. Deve aos que voltaram, o reconhecimento do seu esforço e a devida “compensação”, não só pelo que fizeram pela pátria, mas sobretudo pelo que passaram e passam, em consequência desse desempenho.

A chamada do tema à história teve isso como objectivo, ou seja, pretende que seja discutido, que seja dado a conhecer a todos quantos a ignoram, conscientemente ou inconscientemente, na certeza que deixou cicatrizes profundas na sociedade que precisam ser definitivamente curadas.

Também por isso, dediquei o livro, “A todos os ex-combatentes e em especial aos que fizeram o supremo sacrifício pela pátria.”

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