2024: Um Ano Aziago
O ano de 2024 chega ao fim, mas não sem deixar o gosto amargo de tempos difíceis. Foi um ano marcado por perdas que desafiaram a alma e testaram a resiliência. Na saúde, o corpo vacilou sob o peso de maleitas inesperadas, que deixaram não apenas cicatrizes físicas, mas também emocionais. Amigos partiram, alguns para além do alcance da vida, outros distanciados pelo curso inexorável do tempo e das circunstâncias. A solidão, velha conhecida, tornou-se presença constante.
Nos relacionamentos, as conexões pareceram frágeis como vidro fino, rachando diante de desentendimentos ou simplesmente do desgaste da convivência. A produtividade literária, que tantas vezes serviu de consolo, cedeu espaço ao vazio criativo, como se as palavras, cansadas, se recusassem a surgir. Ideias inacabadas e projetos engavetados deixam uma sensação de fracasso.
E foi nesse cenário desolador que a reflexão tomou lugar. Longas noites de insónia foram preenchidas por questionamentos difíceis: o que falhou? Qual o caminho daqui para frente? Valerá a pena continuar? Não houve respostas fáceis, mas talvez o único alívio tenha vindo da consciência de que, mesmo nos momentos mais sombrios, é possível encontrar uma centelha de aprendizagem.
2024, aziago e implacável, foi um ano difícil de digerir. Mas, como todos os anos, ele termina. E, com o seu fim, chega a esperança – ténue, mas persistente – de que o próximo ciclo traga algo melhor.