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Rui Ferreira autor

Nas páginas deste blog, desvendo o meu universo literário. Entre linhas e versos convido-o a mergulhar nas emoções e reflexões que habitam nas minhas palavras. Este é o espaço onde as ideias ganham vida.

Rui Ferreira autor

Nas páginas deste blog, desvendo o meu universo literário. Entre linhas e versos convido-o a mergulhar nas emoções e reflexões que habitam nas minhas palavras. Este é o espaço onde as ideias ganham vida.

A melhor prenda de Natal

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A neve caía em flocos suaves, cobrindo a pequena aldeia com um manto branco. As ruas estavam silenciosas, exceto pelo som distante de um corvo, na vastidão gelada. Dentro da casa de madeira esventrada, Mykola, um menino de dez anos, estava encolhido num canto, envolto em cobertores remendados. O frio cortante fazia com que cada respiração saísse como uma pequena nuvem branca.

A noite de Natal havia chegado, mas não havia luzes brilhantes, árvores decoradas ou presentes embalados em papel colorido. Havia apenas uma vela tremeluzente e o calor escasso de um fogão a lenha que se recusava a aquecer por completo a pequena casa. Contudo, os olhos de Mykola brilhavam de uma esperança que nenhuma adversidade poderia apagar. Ele sabia que aquela noite seria especial.

Horas antes, tinha recebido a notícia pela vizinha: os seus pais, que estavam na frente de batalha, retornariam a casa. Desde o início da guerra, Mykola vivia sob os cuidados dos tios, mas o vazio deixado pelos pais era uma ferida que doía todos os dias. E agora, naquela véspera gelada, o menino contava os minutos, rezando para que eles chegassem antes que a noite acabasse.

Finalmente, ouviu o ranger da porta. Mykola levantou-se de um salto, o coração batia rápido. Quando os seus olhos encontraram as silhuetas dos pais — de rostos marcados pelo cansaço, mas iluminados por um sorriso caloroso — correu para os abraçar, e sentiu o calor que tanto lhe faltara nos últimos meses.

“Mãe! Pai! Voçês vieram!”, exclamou, emocionado.

A sua mãe, Olena, acariciou-lhe os cabelos despenteados. “Claro que viemos, meu amor. Não há lugar no mundo onde gostaríamos mais de estar do que aqui, contigo.”

O pai, Petro, ajoelhou-se para ficar à altura do filho. “Não trouxemos prendas, Mykola, apenas este boneco de pano. Mas prometemos que este será o melhor Natal de todos.”

A casa em ruínas deixava passar o vento frio, mas isso não o impediu de sorrir. Os seus pais haviam encontrado, entre os destroços, um velho boneco de pano, sujo e rasgado, mas com um sorriso costurado à mão. Era a única prenda possível naquele cenário desolador.

Mykola apertou-o contra o peito, feliz.

“Vós sois a minha prenda”, respondeu o menino, com uma simplicidade que fez os olhos dos pais encherem-se de lágrimas.

Sentaram-se juntos, compartilhando o pouco que tinham: uma sopa quente e um pedaço de pão. Cobertos por mantas, os três ficaram lado a lado, contando histórias e rindo baixinho, tentando esquecer por algumas horas o mundo cruel que se insinuava lá fora. Olena cantou uma canção de embalar que Mykola conhecia desde o berço, e Petro contou-lhe como a esperança mantinha os soldados firmes, mesmo nos dias mais sombrios.

Quando a vela finalmente se apagou, deixando-os na escuridão, Mykola não sentiu medo. O calor do amor dos pais era suficiente para afastar o frio e iluminar a noite.

Naquele Natal, não havia enfeites ou prendas, mas havia algo muito mais precioso: a presença, a família e a certeza de que, mesmo em tempos de guerra, o amor pode ser a luz que guia através das trevas. Mykola adormeceu entre os pais, com um sorriso no rosto, certo de que aquele seria um Natal que jamais esqueceria.

Querido(a) leitor(a)

 

 

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Neste Natal, que tal oferecer um presente especial a si mesmo e àqueles que ama? A leitura é uma dádiva que enriquece a alma e alarga os horizontes, e nada melhor do que celebrar esta época mágica com a companhia dos talentosos autores portugueses.

Convido-te a explorar as obras que compõem o vasto e diversificado panorama literário de Portugal, e em particular da  Oficina da Escrita. Autores que, com as suas palavras, nos fazem viajar por lugares e tempos, e nos conectam com as raízes da nossa identidade.

Entre tantas opções, recomendo com especial carinho o livro “Resistência com Sotaque”. Esta obra é um emocionante romance histórico que destaca o papel dos portugueses na resistência francesa, durante a Segunda Guerra Mundial. Este livro oferece uma narrativa envolvente de paixão e luta pela liberdade.

Este Natal, deixe-se envolver pela magia das palavras e permita que a literatura portuguesa aqueça o seu coração e encha a sua casa de histórias inspiradoras e reflexivas. Abra um livro, descubra novas narrativas e celebre a temporada com o melhor que a nossa literatura tem para oferecer.

Boas festas e boas leituras!

Com carinho,

Rui Ferreira

 

Oficina da Escrita

Wook

Bertrand

Fnac

Uma conversa serena sobre o caos global

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Na intimidade da Fnac, José Rodrigues dos Santos conduziu-nos por um labirinto de conspirações globais, desenhado com a mestria de quem domina a arte de contar histórias.
A sua voz, serena e precisa, desvendou as camadas do "Protocolo Caos", um romance/thriller que nos convida a refletir sobre o poder das redes sociais e a fragilidade da democracia face a forças obscuras.
Com a naturalidade de quem convive com as letras desde sempre, o autor desenvolveu uma narrativa envolvente, pintando um quadro sombrio da manipulação da informação e da disseminação do ódio. A cada palavra, a plateia era imersa num mundo onde a verdade é relativa e a desconfiança é cultivada.
No entanto, a conversa não se limitou a um mero exercício de suspense. José Rodrigues dos Santos, com a sabedoria de quem acompanha os acontecimentos mundiais de perto, apresentou reflexões profundas sobre o papel do jornalista na sociedade contemporânea e a importância da literacia digital para combater a desinformação.
No final da noite, a sensação era a de ter assistido a uma aula magistral sobre os desafios do nosso tempo. A serenidade do autor, em contraste com a turbulência dos temas abordados, serviu como um farol no meio de uma tempestade de informações que nos assola. O "Protocolo Caos" não é apenas um livro, mas um convite à reflexão sobre o mundo em que vivemos.
 
 

Entrevista à Rádio Clube Penafiel

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Ouça ou recorde a minha entrevista à Rádio Clube Penafiel. Recordo que a entrevista se inseriu na Feira do Livro de Penafiel e, a entrevista ocorreu nas instalações da Rádio Clube  Penafiel, no âmbito do programa Mosaico, sob a direção da Drª Adelaide Galhardo, diretora da Biblioteca Municipal de Penafiel.

 

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A distância engana

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"Como são admiráveis as pessoas que não conhecemos." Uma frase que se reproduz nos corredores da admiração passiva, onde a distância pinta a realidade com pinceladas de perfeição. Afinal, quem nunca se encantou com a vida impecável de um desconhecido nas redes sociais? O seu largo sorriso branqueado, as viagens exóticas e as paixões inspiradoras – tudo isto visto através da neblina romantizada da ignorância.

Mas, e se pudéssemos acompanhar esse mesmo indivíduo por um dia inteiro? Ver as suas crises existenciais, os seus hábitos estranhos e as suas conversas sem sentido? A admiração daria lugar à mais pura realidade, e a aura de perfeição desfazer-se-ia como o açúcar na água.

A verdade é que a distância permite-nos idealizar, enquanto a proximidade nos confronta com a complexidade da natureza humana. E, afinal, quem é realmente admirável? Aquele que aparenta ser perfeito à distância ou aquele que, mesmo com as suas imperfeições, se mostra genuíno e autêntico?

Carreira: uma jornada de altos e baixos

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A carreira, tal como a vida, é um labirinto de caminhos tortuosos e retas infinitas. É uma miscelânea composta por peças de diversas cores: os sucessos, que nos impulsionam para frente, e os fracassos, que nos ensinam a levantar mais fortes.

Não há fórmula mágica para o sucesso profissional. A jornada é única para cada um de nós, repleta de desafios e oportunidades. Às vezes, o vento sopra a nosso favor, e as vitórias acumulam-se. Outras vezes, a tempestade assola-nos, e as derrotas parecem intransponíveis.

É nesses momentos de adversidade que a nossa verdadeira força é testada. As críticas negativas, embora dolorosas, podem ser valiosas ferramentas de aprendizagem. Ao invés de nos deixarmos abater, devemos analisá-las com objetividade e descobrir nelas oportunidades de crescimento.

Construir uma carreira sólida exige resiliência, persistência e paixão. É preciso ter a coragem de sair da zona de conforto, de arriscar e de seguir em frente, mesmo diante dos obstáculos. Porque, é nos momentos mais difíceis que descobrimos quem realmente somos e do que somos capazes.

O sucesso não é um destino, mas antes uma jornada. E nessa jornada, os fracassos são tão importantes quanto os sucessos.