O Brexit - Cinco anos depois
O Brexit foi a grande festa da democracia britânica, onde milhões de eleitores exerceram o sagrado direito de escolher... sem realmente saber o que estavam a escolher. Foi a epifania nacional onde milhões decidiram, com a mesma reflexão de quem escolhe um lanche no drive-thru, que era hora de recuperar a soberania. Guiados por slogans patrióticos e promessas vãs, foram conduzidos, com entusiasmo ovino, para um futuro brilhante — pelo menos, segundo os cartazes vermelhos e os especialistas do Facebook.
"Recuperar o controlo!" gritavam os profetas da independência.
E lá foram eles, cheios de orgulho, votar pelo "futuro brilhante". Um futuro onde a economia encolheria, os trabalhadores europeus desapareceriam e até o “fish and chips” ficaria mais caro. Mas nada disso importava, porque a grande vitória era simbólica! O Reino Unido estava livre! Livre para enfrentar filas na alfândega, livre para descobrir que acordos comerciais não caem do céu e, acima de tudo, livre para lamentar — mas sem poder voltar atrás.
Quando o dia da liberdade finalmente chegou, os britânicos descobriram que "livres" significava mais burocracia, mais escassez e um passaporte azul (que, ironicamente, já podiam ter antes). Os líderes da campanha, por sua vez, evaporaram-se, deixando o espetáculo da autodeterminação nas mãos dos mesmos políticos que antes diziam que o Brexit seria um desastre.
No fim, o Brexit provou que a vontade popular é soberana, mesmo quando manipulada como um rebanho que é guiado para o matadouro ao som de "God Save the Queen". E, ironicamente, muitos só perceberam a encrenca quando já estavam sem passaporte europeu, sem benefícios da UE e, para piorar, com Boris Johnson como guia turístico deste safári geopolítico. Mas nada de desespero! Pelo menos agora eles podem levantar uma caneca de chá e brindar à sua própria autossabotagem. Cheers!