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Rui Ferreira autor

Nas páginas deste blog, desvendo o meu universo literário. Entre linhas e versos convido-o a mergulhar nas emoções e reflexões que habitam nas minhas palavras. Este é o espaço onde as ideias ganham vida.

Rui Ferreira autor

Nas páginas deste blog, desvendo o meu universo literário. Entre linhas e versos convido-o a mergulhar nas emoções e reflexões que habitam nas minhas palavras. Este é o espaço onde as ideias ganham vida.

O Brexit - Cinco anos depois

31.01.25 | RF

DALL·E 2025-01-31 15.40.55 - A symbolic represent

O Brexit foi a grande festa da democracia britânica, onde milhões de eleitores exerceram o sagrado direito de escolher... sem realmente saber o que estavam a escolher. Foi a epifania nacional onde milhões decidiram, com a mesma reflexão de quem escolhe um lanche no drive-thru, que era hora de recuperar a soberania. Guiados por slogans patrióticos e promessas vãs, foram conduzidos, com entusiasmo ovino, para um futuro brilhante — pelo menos, segundo os cartazes vermelhos e os especialistas do Facebook.

"Recuperar o controlo!" gritavam os profetas da independência.

E lá foram eles, cheios de orgulho, votar pelo "futuro brilhante". Um futuro onde a economia encolheria, os trabalhadores europeus desapareceriam e até o “fish and chips” ficaria mais caro. Mas nada disso importava, porque a grande vitória era simbólica! O Reino Unido estava livre! Livre para enfrentar filas na alfândega, livre para descobrir que acordos comerciais não caem do céu e, acima de tudo, livre para lamentar — mas sem poder voltar atrás.

Quando o dia da liberdade finalmente chegou, os britânicos descobriram que "livres" significava mais burocracia, mais escassez e um passaporte azul (que, ironicamente, já podiam ter antes). Os líderes da campanha, por sua vez, evaporaram-se, deixando o espetáculo da autodeterminação nas mãos dos mesmos políticos que antes diziam que o Brexit seria um desastre.

No fim, o Brexit provou que a vontade popular é soberana, mesmo quando manipulada como um rebanho que é guiado para o matadouro ao som de "God Save the Queen". E, ironicamente, muitos só perceberam a encrenca quando já estavam sem passaporte europeu, sem benefícios da UE e, para piorar, com Boris Johnson como guia turístico deste safári geopolítico. Mas nada de desespero! Pelo menos agora eles podem levantar uma caneca de chá e brindar à sua própria autossabotagem. Cheers!

Descubra "Resistência com Sotaque" nas Melhores Livrarias!

29.01.25 | RF

 

Rui Ferreira - Capa - VF (1).jpg

"Resistência com Sotaque", da editora Oficina da Escrita, é uma obra que o  (a) vai inspirar, emocionar e fazer refletir sobre a força dos homens e mulheres em tempos desafiadores. Um livro que traz histórias de coragem e luta com uma narrativa envolvente e autêntica.

Pode encontrar "Resistência com Sotaque" nas seguintes livrarias:


📚 Papelaria Cami
📚 Livraria Minho
📚 Tantos Livros
📚 Tantos Livros - Lisboa
📚 Mil Folhas
📚 Puro Flow
📚 A Felgueirense
📚 Livraria Fonsecas
📚 Livraria Boa Leitura

Não perca a oportunidade de ter esta obra na sua estante. Visite uma destas livrarias hoje e leve "Resistência com Sotaque" para casa!

Saiba mais sobre Resistência com sotaque em: https://oficinadaescrita.com/produto/resistencia-com-sotaque/

Inverno

28.01.25 | RF

DALL·E 2025-01-28 20.22.07 - A serene winter land

O inverno chega sem pressa,
sussurrando ao mundo que é tempo de pausa.
O céu veste-se de cinzento,
e a terra adormece sob o manto branco da neve.

Há quem o tema
esse frio que cala os campos,
esse vento que despenteia as árvores
e corta o rosto como uma lâmina invisível.
Mas há beleza na sua quietude,
na sua maneira de silenciar a pressa.

Os rios tornam-se espelhos congelados,
refletindo o céu pálido e a lua distante.
As árvores, nuas,
erguem os braços esqueléticos
num gesto de espera paciente.

A neve cobre tudo,
esconde imperfeições,
apaga as marcas do passado.
O chão, antes áspero,
é agora um tapete de luz branca,
onde passos deixam histórias efémeras.

No inverno, a vida recolhe-se,
protegida, à espera de um novo ciclo.
As sementes dormem sob a terra fria,
guardando o segredo da primavera que virá.

E os olhos que se permitem ver
encontram no gelo uma delicada poesia
o brilho dos flocos sob a luz pálida,
o silêncio que abraça a paisagem.

O inverno ensina:
há beleza na pausa,
há força no recolhimento.
Mesmo na frieza da estação,
a vida persiste, invisível,
aguardando o momento para florir.

 

Imagem criada por IA

Em 27 de janeiro de 1945, tropas soviéticas libertaram Auschwitz

27.01.25 | RF

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Auschwitz é o retrato de um horror indescritível. Não são apenas as câmaras de gás, os montes de sapatos ou os vagões onde se comprimiam vidas humanas como mercadorias descartáveis que chocam — é a banalidade do mal que assombra mais profundamente. Homens e mulheres comuns, que iam para casa após o expediente, que brincavam com os seus filhos e frequentavam cafés, tornaram-se engrenagens de uma máquina de genocídio. Eles registavam números, não vidas; apertavam botões, não consciências. Esta frieza, esta normalidade aparente, é o que torna Auschwitz tão assustador: foi o trabalho de pessoas ditas normais.

Quando visitei Auschwitz e Birkenau, uma tempestade de emoções tomou conta de mim. A cada passo, o peso do silêncio era insuportável, quase esmagador. A vastidão de Birkenau, com as suas intermináveis filas de barracões, parece gritar uma ausência: de esperança, de humanidade. Senti uma tristeza profunda, mas também um desconforto visceral — como permitimos que isto acontecesse? O cheiro de cinzas do passado parece pairar sobre o lugar, lembrando que ali, onde hoje andamos livres, incontáveis pessoas perderam tudo, até a própria identidade.

Os campos de concentração deveriam ser uma paragem obrigatória para os estudantes. Não para cultivar ódio, mas para assegurar memória. Porque o perigo não mora apenas em ditadores; ele cresce na indiferença, na aceitação do intolerável como rotina. O legado da liberdade nunca esteve tão ameaçado como nos dias de hoje, e visitar Auschwitz é uma lição sobre o que perdemos quando viramos o rosto à barbárie. Que a dor que sentimos ali, ao caminhar por entre os trilhos, nos sirva como um aviso eterno: jamais esquecer.

A síndrome de Down: Um convite à aceitação e ao amor

23.01.25 | RF

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A chegada de uma criança com síndrome de Down é, para muitos pais, um desafio inesperado. Contudo, essa surpresa pode transformar-se num dos maiores presentes que a vida oferece. Essas crianças, com as suas singularidades, demonstram diariamente que o amor, a determinação e o potencial humano não conhecem limites.

Infelizmente, há progenitores que, diante do diagnóstico, rejeitam os filhos por medo, preconceito ou desinformação. Esse abandono, seja físico ou emocional, é reflexo de uma sociedade que ainda precisa aprender a valorizar a diversidade. No entanto, aqueles que abraçam a diferença logo descobrem que uma criança com síndrome de Down não é definida pelas suas limitações, mas sim por suas capacidades únicas.

Essas crianças são especiais não por causa das suas dificuldades, mas pela maneira como enfrentam o mundo com uma ternura desarmante. Com o apoio adequado, podem participar ativamente na sociedade — seja na escola, no trabalho ou nas relações sociais. O papel dos pais é fundamental nesse processo: são eles que fornecem as ferramentas para que os seus filhos desenvolvam autonomia, autoestima e senso de pertencimento.

Mais do que proteção, essas crianças precisam de oportunidades. É responsabilidade dos progenitores e da sociedade como um todo garantir que esses indivíduos floresçam, mostrando que a diferença é uma riqueza, e não um fardo. Afinal, um mundo mais inclusivo é um mundo mais humano.

Imagem gerada por IA

 

A síndrome de Down é um dos temas abordados no meu próximo livro, com data de lançamento provável para Julho.

Estejam atentos.

Publicações relacionadas com este tema:

 O livro de Julho

Violência doméstica, um espectro que assombra o lar

 

O Velho e o Vazio

21.01.25 | RF

DALL·E 2025-01-21 15.53.24 - An old man sitting a

 

Sentado à beira da estrada,
o velho observa o tempo
como quem já não lhe pertence.
A vida, agora, é uma sucessão de dias iguais,
pálidos como a poeira que repousa na sua pele.

Não tem casa.
Não tem pressa.
O que tinha, perdeu.
Ou talvez tenha deixado para trás,
como se larga um peso inútil
que já não serve ao caminho.

Os olhos, turvos,
não procuram o horizonte.
Nem passado, nem futuro,
só o presente sem nome,
sem cor,
sem forma.

A vulgaridade da vida simples
veste-o como uma segunda pele.
O pão duro,
a água morna,
a cadeira velha de madeira rachada.
Nada disso pesa mais do que deveria.
Porque nada disso importa.

Já não há medo,
nem desejo,
nem saudade.
A vida, na sua essência crua,
é só um fio que se desfia lentamente,
sem alarde,
sem propósito.

O velho é livre.
Livre da fome de ter,
da sede de ser,
das correntes invisíveis que prendem os homens ao mundo.

A única riqueza que carrega
é o silêncio.
E nele,
tudo cabe.

Ausência e orgulho

21.01.25 | RF

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Estive ausente, sim, mas com uma boa desculpa – a melhor, aliás. As palavras, sempre tão rápidas a formar frases, decidiram entrar em greve. Calaram-se para dar lugar ao sentimento, esse tirano que exige silêncio para se fazer ouvir. Faltou-me a inspiração, mas convenhamos, quem precisa dela quando se está fora do país, em Leicester, a celebrar algo tão maior?

A minha filha – razão da minha vida, sol do meu sistema solar – concluiu um mestrado em bioinformática. A minha modesta escrita, que tantas vezes se atreveu a explicar o inexplicável, viu-se obrigada a recuar. Não há metáfora que traduza o orgulho de ver aquele diploma, nem hipérbole que alcance o sorriso dela ao recebê-lo.

Por isso, perdoem-me a ausência. Não foi descaso, foi admiração silenciosa. Enquanto ela decifrava genes, eu tentava decifrar o que fazer com tanto orgulho. E talvez, só talvez, as palavras tenham agora voltado porque perceberam que também elas têm um lugar nesta história – mesmo que secundário.

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