Aquele que ouve, compreende
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O ser humano, na sua arrogância sem limites, acredita-se dono absoluto da vida e da morte. Foi com essa certeza cruel que uma mulher, diante da impossibilidade de embarque com o seu cão, tomou a decisão mais abjeta possível: afogá-lo.
Não houve hesitação, não houve arrependimento. Apenas a frieza de quem vê um ser vivo como um objeto descartável, um empecilho a ser eliminado. O animal, que a vida inteira confiou nela, lutou por ar até o último instante, sem compreender por que razão as mãos que deveriam protegê-lo agora o empurravam para a morte.
Este não é um crime isolado. É um reflexo de uma sociedade onde a compaixão se curva à conveniência, onde a empatia se dissolve diante do egoísmo. Quem é capaz de matar um ser indefeso por capricho não merece o título de humano. Pois ser humano, no verdadeiro sentido da palavra, exige um mínimo de alma. E quem faz isto já a perdeu há muito tempo.
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Finalmente chegou a primavera! Os passarinhos cantam… ou pelo menos tentariam, se não estivessem a ser levados pelo vendaval. As flores desabrocham… ou melhor, tentam não ser arrancadas pela tempestade Martinho, que decidiu dar-nos as boas-vindas com rajadas dignas de um inverno furioso.
Os entusiastas das caminhadas ao ar livre podem agora praticar desportos radicais, como desviar-se de ramos voadores ou correr atrás de guarda-chuvas descontrolados.
O calendário insiste que entrámos na estação do renascimento e das temperaturas amenas, mas parece que ninguém avisou o São Pedro. Em vez de piqueniques ao sol, temos guarda-chuvas a virarem do avesso e casacos de inverno que se recusam a ir para o armário. Em vez de tardes agradáveis no jardim, temos chuva a balde e um frio de rachar que nos faz questionar se não errámos o hemisfério.
Se isto é primavera, então que venha de lá o verão… mas, a julgar pelo ritmo, o mais certo é termos neve em agosto.
O meu amigo "virtual" Abdul Akra, partilhou na sua página do Facebook, que no seu país, o dia 21 de Março é também o Dia da Mãe.
Celebrar o Dia da Mãe no Dia Mundial da Poesia faz todo o sentido, pois ambas as celebrações partilham uma essência comum: o amor, a inspiração e a criação.
A maternidade, assim como a poesia, é um ato de entrega. Tal como um poeta molda palavras para criar beleza e significado, uma mãe dedica-se a formar e a nutrir vidas. O amor materno encontra eco na poesia, pois ambos expressam sentimentos profundos que transcendem o tempo e as palavras.
Além disso, as mães são, muitas vezes, as primeiras a introduzir a poesia na vida dos filhos, seja através de canções de embalar, histórias rimadas ou palavras de conforto. A musicalidade das palavras de uma mãe tem o mesmo efeito da poesia: embala, acalma, ensina e fortalece.
Celebrar as mães no Dia Mundial da Poesia é reconhecer que, tal como os versos mais belos, o amor materno é intemporal, transformador e essencial à nossa existência.
Espreitem o blog do Abdul Akra, Memórias de viagem
Hoje, a palavra veste-se de ouro e caminha descalça sobre o tempo. É dia de celebrar aqueles que, com a pena ou com a voz, resgatam do silêncio o que o mundo esquece. Os poetas, arquitetos do efémero, constroem pontes entre a realidade e o sonho, costuram a dor com metáforas e colhem do vento os versos que ninguém ousou dizer.
Vivemos num tempo em que, paradoxalmente, nunca tivemos tanto acesso à liberdade e, ao mesmo tempo, nunca fomos tão prisioneiros. Somos reféns do relógio, das obrigações impostas e, pior ainda, das expectativas alheias. O tempo deixou de ser um recurso nosso e passou a ser um déspota invisível que dita quando devemos acordar, trabalhar, descansar e até mesmo sentir.
O problema não é apenas a falta de tempo, mas a forma como o desperdiçamos. Não temos tempo para ler um livro, mas passamos horas a deslizar o dedo num ecrã. Não conseguimos encontrar espaço para um café com um amigo, mas conseguimos encaixar longas sessões de “conteúdos curtos” nas redes sociais. A busca incessante por validação transformou até os momentos mais simples em espetáculos para os outros. Fotografamos pratos de comida, registamos momentos íntimos e passamos mais tempo a documentar a vida do que a vivê-la.
O mais irónico é que, enquanto nos preocupamos em parecer felizes, esquecemos de ser felizes de facto. Enquanto tentamos controlar o tempo, deixamos que ele nos controle. Vivemos à mercê de notificações, estatísticas e métricas irrelevantes que, no fundo, nada acrescentam ao que realmente importa.
Talvez seja hora de reivindicar o que é nosso. Talvez devêssemos desligar o telefone, olhar para o céu sem tirar uma foto, conversar sem verificar mensagens e, finalmente, viver sem a obsessão de parecer que estamos a viver. Mas será que ainda sabemos como?
A casa permanece a mesma, mas o silêncio tem outro peso. Há um prato a menos na mesa, um casaco que já não ocupa o cabide da entrada, um perfume que só vive na memória. O tempo passa, mas a ausência não se dissolve — ela entranha-se nos dias, nos gestos, nas pequenas coisas que antes pareciam banais.
Saudade de ouvir a porta abrir ao final da tarde, de ver o brilho no olhar ao contar as novidades, de sentir aquele abraço que, sem palavras, dizia tudo. É um vazio que ninguém preenche, porque há pessoas que não têm substituição, que carregam com elas pedaços do nosso coração quando partem.
Orgulho e saudade caminham lado a lado. O peito incha ao saber que ela está a construir o seu futuro, a conquistar o mundo. Mas à noite, quando tudo fica mais quieto, o peito aperta com a vontade de regredir no tempo, de ter mais um dia com ela aqui, perto.
A vida segue, e o amor à distância reinventa-se. Mas a verdade é que há afetos que nunca se acostumam com a distância — apenas aprendem a esperar.