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Rui Ferreira autor

Nas páginas deste blog, desvendo o meu universo literário. Entre linhas e versos convido-o a mergulhar nas emoções e reflexões que habitam nas minhas palavras. Este é o espaço onde as ideias ganham vida.

Rui Ferreira autor

Nas páginas deste blog, desvendo o meu universo literário. Entre linhas e versos convido-o a mergulhar nas emoções e reflexões que habitam nas minhas palavras. Este é o espaço onde as ideias ganham vida.

O Escritaria precisa do seu apoio!

30.05.25 | RF

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O Escritaria precisa do seu apoio!

O Festival Literário Escritaria, orgulho de Penafiel e referência nacional, é finalista dos Prémios Mais a Norte, promovidos pela CCDR NORTE. Esta distinção celebra os projetos mais inovadores e transformadores da região, e o Escritaria concorre na categoria "Norte+Criativo" — uma categoria que distingue o verdadeiro impacto cultural e criativo.

Entre 232 candidaturas, apenas 31 projetos chegaram à final, e o Escritaria está entre eles, graças ao seu percurso singular: é o único festival em Portugal dedicado exclusivamente a homenagear, em vida, escritores de Língua Portuguesa. Através de exposições, conferências, peças de teatro, atividades nas escolas e intervenções artísticas pela cidade, o festival transforma Penafiel num grande palco literário e afetivo.

Ao longo dos anos, o Escritaria já homenageou grandes nomes como José Saramago, Lídia Jorge, António Lobo Antunes, Mia Couto, Pepetela, Hélia Correia, Manuel Alegre, Valter Hugo Mãe, entre muitos outros — construindo uma memória coletiva rica, diversa e profundamente lusófona.

A votação está aberta até 31 de maio. O seu voto é essencial para que este projeto continue a crescer e a levar a literatura portuguesa além-fronteiras.

👉 Vote aqui no projeto de internacionalização do Festival Literário Escritaria!

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Analfabetismo voluntário

29.05.25 | RF

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Renunciar à leitura é como ter uma janela aberta para o infinito e escolher mantê-la fechada. Quem lê exercita a empatia, expande horizontes, questiona certezas. Quem não lê contenta-se com o que lhe é dito, repete sem compreender, vive à superfície.

Há uma quietude poderosa no ato de abrir um livro. Ali, no silêncio das páginas, pulsa a voz de quem ousou sonhar, pensar, discordar. E quando escolhemos não ler, silenciamos essas vozes. Tornamo-nos surdos ao grito de quem veio antes e cegos às possibilidades do que virá.

A alfabetização não se mede apenas pela capacidade de decifrar palavras, mas pelo uso que fazemos delas. Ler é um gesto de liberdade. Não ler — por indiferença, por preguiça ou por desdém — é uma forma de prisão consentida.

Por isso, os verdadeiros analfabetos são aqueles que sabem ler, mas recusam o convite à viagem. Que dominam o código, mas desprezam o sentido. Porque o analfabetismo mais grave não é o da letra, mas o da alma.

 

Imagem: Pixabay

Apreensão e paz

27.05.25 | RF

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Preocupar-se com o amanhã é como tentar segurar a chuva com as mãos: um esforço vão que apenas molha mais depressa a alma. A mente, inquieta, acredita que antecipar o sofrimento é uma forma de o evitar, mas o que faz, na verdade, é adiantar a dor, somando-a ao presente, onde ela ainda não tem lugar. Cada dia carrega o seu próprio peso, e tentar suportar o fardo do futuro é como vestir um casaco de chumbo antes da tempestade — não impede o trovão, apenas o torna mais difícil de suportar.

A preocupação é um ladrão furtivo. Rouba-nos o sono, a leveza, a presença. Faz-nos viver em versões imaginárias da realidade, onde tudo corre mal e onde esquecemos que a maioria dos medos nunca se concretiza. Viver o agora com serenidade não é desleixo; é sabedoria. Porque, se não temos domínio sobre o amanhã, temos escolha sobre como habitamos o hoje.

E talvez seja essa a mais dura e libertadora verdade: não podemos impedir os problemas de virem, mas podemos impedir que destruam aquilo que ainda não tocaram — a nossa paz de agora.

 

Imagem: Pixabay

A sabedoria silenciosa do pensamento interno

26.05.25 | RF

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Vivemos num tempo em que o ruído exterior ocupa cada fresta do nosso silêncio. A opinião alheia transforma-se em norma, a reação imediata substitui a reflexão, e o grito, tantas vezes vazio, abafa a voz serena da consciência. Neste cenário apressado e ruidoso, é fácil esquecer o valor da sabedoria que brota do pensamento interno — essa força silenciosa que não precisa de palco para existir.

O pensamento interno não procura aprovação nem audiência. Ele amadurece no recato da dúvida, alimenta-se do escutar e floresce quando temos a coragem de estar sós connosco. Ao contrário do impulso que se apressa a falar, o pensamento interior detém-se, pondera, questiona. E é nesse intervalo — entre o que sentimos e o que decidimos fazer — que reside a verdadeira sabedoria.

Não se trata de calar por medo, mas de cultivar a pausa como um ato de lucidez. A reflexão não é passividade; é resistência contra a superficialidade. Pensar antes de reagir, calar antes de julgar, observar antes de concluir — são gestos de uma inteligência emocional que não se ensina, mas que se constrói no íntimo.

Onde tudo parece exigir urgência, pensar em silêncio é um ato revolucionário. A sabedoria do pensamento interno não precisa de ser visível para ser transformadora. Muitas das nossas melhores decisões não foram aquelas que gritámos ao mundo, mas aquelas que, em silêncio, escolhemos com o coração e a razão aliados.

Talvez seja tempo de devolver valor à introspeção. Não como fuga, mas como ferramenta. Porque só quem se escuta verdadeiramente é capaz de compreender o outro. E só quem pensa com profundidade é capaz de agir com justiça.

Em tempos de vozes altas e certezas rápidas, sejamos guardiões do pensamento calmo. A sabedoria, afinal, não se impõe — revela-se, pouco a pouco, a quem tem a paciência de escutar por dentro.

 

Imagem gerada por IA

Ignorância e estupidez

24.05.25 | RF

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Não há nobreza maior que a do ignorante bem-intencionado. Ele não sabe, mas está absolutamente certo de que sabe — e isso basta. Afinal, quem precisa de conhecimento quando se tem convicção? E se vier com um sorriso no rosto e a alma em paz, mais perigoso se torna. Nada como a pureza de um erro embrulhado em boas intenções para levar multidões ao abismo com entusiasmo.

Depois temos a estupidez conscienciosa — aquela maravilha de lucidez perversa. É o sujeito que sabe que não sabe, mas finge que sabe, e fá-lo com método, calendário e objetivos mensuráveis. Este é um artista. Um arquiteto da desgraça com régua, esquadro e PowerPoint.

E aqui estamos nós, governados por uns e seguidos por outros, a bater palmas com a testa e a achar que tudo vai correr bem. Que consolo é saber que, entre o caos e a catástrofe, ao menos somos liderados por gente sincera… ou conscienciosa.

Talvez um dia sejamos salvos pela dúvida. Mas isso exigiria pensar. E pensar é perigoso.

 

Imagem: Pixabay

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