![DNA.webp]()
Dizem que há um gene que só pulsa no sangue dos portugueses — o A25-BIS-DR2, herança dos antigos Lusitanos, guardado como um segredo nas montanhas e nas veias do povo. Um código de identidade, dizem uns; uma prova de singularidade, juram outros. Mas será mesmo possível que um povo se resuma a uma sequência de letras e números?
A ciência mostra-nos que todos partilhamos praticamente o mesmo mapa genético — pequenas variações, sim, mas um mesmo chão biológico. O que nos torna diferentes talvez não esteja no DNA, mas na forma como o interpretamos. No modo como sofremos, criamos e recomeçamos. No fado que entoamos, nas caravelas que ousaram o desconhecido, na saudade que insiste em ser sentimento nacional.
Então, será que esse “gene lusitano” é uma realidade científica ou apenas uma bonita metáfora? Talvez o verdadeiro gene que nos distingue seja invisível aos microscópios — o da teimosia, o da resistência, o de continuar mesmo quando o mundo parece esquecer-nos.
Afinal, o que é ser português? Um traço genético exclusivo ou uma herança de alma partilhada, feita de memória, luta e esperança?
Nota: há indícios de diferenças de frequência de haplótipos HLA na população portuguesa (por exemplo A26-B38-DR13) que chamam atenção, mas: a afirmação de que existe “um gene único que só os lusitanos têm” (A25-BIS-DR2) não está apoiada em literatura científica credível.
E a extrapolação de que “os portugueses têm o código genético mais antigo da Terra” ou “diferente de todos os outros povos mediterrâneos” é inexata/engano.
Em resumo: mito + exagero mais do que facto científico.