Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Rui Ferreira autor

Nas páginas deste blog, desvendo o meu universo literário. Entre linhas e versos convido-o a mergulhar nas emoções e reflexões que habitam nas minhas palavras. Este é o espaço onde as ideias ganham vida.

Rui Ferreira autor

Nas páginas deste blog, desvendo o meu universo literário. Entre linhas e versos convido-o a mergulhar nas emoções e reflexões que habitam nas minhas palavras. Este é o espaço onde as ideias ganham vida.

A nobre arte de discutir com tolos

09.02.25 | RF

picture-displeased-frustrated-young-bearded-male-m

Discutir com um tolo é um ato de grande altruísmo. Poucos se dão conta, mas, ao contrariar as suas certezas inabaláveis, estamos a prestar um serviço à humanidade. Afinal, sem o tolo, quem nos lembraria diariamente da fragilidade da razão? Quem, senão ele, nos forçaria a exercitar a paciência, a humildade e o profundo desejo de bater a cabeça contra a parede?

O tolo não precisa de argumentos, pois já possui todos os necessários: os dele. A cada tentativa de lógica, ele responde com convicção, e quem somos nós para desafiar a pureza de uma mente impenetrável? Se dizemos que dois mais dois são quatro, ele rebate com um vídeo de um desconhecido no submundo da internet, provando que, na verdade, são cinco — ou três, dependendo do ponto de vista "real".

Mas há algo de viciante neste embate. Como marinheiros fascinados pelo canto das sereias, sabemos que a discussão é inútil, mas seguimos em frente. Queremos acreditar que, desta vez, a luz da razão atravessará o nevoeiro da ignorância. Mas o tolo é imune à luz; a sua mente é uma fortaleza inexpugnável, onde a verdade é um hóspede indesejado.

E, no fim, quando finalmente desistimos, ele sorri vitorioso, certo de que a sua sabedoria prevaleceu. Nós, exaustos, juramos nunca mais cair nessa armadilha — até o próximo tolo aparecer, provocando-nos com o maior dos engodos: a certeza absoluta.