Vivemos num tempo em que o silêncio pesa mais do que as palavras e a presença se tornou um bem escasso. No entanto, há dias em que tudo o que precisamos é de alguém que se sente ao nosso lado, não para resolver os nossos dilemas, mas simplesmente para ouvir, para partilhar um olhar, um suspiro, uma pausa no tempo.

O ser humano foi feito para o encontro. Desde sempre, procuramos no outro um reflexo de nós mesmos, uma confirmação de que existimos para além das nossas dúvidas e angústias. Procuramos alguém que não tenha pressa, que não se distraia com o ruído do mundo, mas que esteja ali, presente, inteiro, disposto a falar sobre a vida – não com respostas prontas, mas com perguntas sinceras.

Mas quem está disponível? Quem está verdadeiramente disposto a parar e a ouvir? A escassez da presença talvez seja o maior dos paradoxos da nossa era: estamos sempre conectados, mas cada vez mais sozinhos. O tempo que gastamos a procurar distrações poderia ser o tempo em que nos sentamos ao lado de alguém, em silêncio ou em diálogo, partilhando a essência daquilo que nos torna humanos.

E se fôssemos nós a ocupar esse lugar? Se, ao invés de esperarmos por alguém, nos tornássemos essa presença para outro? Talvez a resposta para a nossa solidão não esteja na espera, mas na entrega. No final, a vida não é apenas sobre encontrar alguém que se sente ao nosso lado, mas também sobre sermos esse alguém para o outro.