Além das diferenças
O velho Ibrahim sentava-se todos os dias no mesmo banco da praça, alimentando os pombos com migalhas de pão. Ao seu lado, sempre estava Elias, um jovem de olhos atentos e alma inquieta. De origens distintas — um muçulmano que carregava as marcas do tempo na pele e um cristão de coração pulsante pelo futuro —, construíram uma amizade silenciosa, onde as palavras eram menos importantes do que a companhia.
A cidade, cheia de muros invisíveis, muitas vezes olhava-os com estranheza. Alguns com desconfiança, outros com indiferença. Mas para Ibrahim e Elias, tudo se resumia a um gesto simples: respeito. Quando conversavam sobre fé, não tentavam convencer um ao outro, apenas ouviam. Quando falavam sobre injustiça, não se acusavam, apenas refletiam.
Certa vez, uma criança aproximou-se, confusa. “Vocês são tão diferentes... como podem ser amigos?” Ibrahim sorriu, enrugando ainda mais o rosto. “Menino, olha as árvores à tua volta. Algumas dão frutos doces, outras flores, outras apenas sombra. Mas todas compartilham a mesma terra.”
Elias completou, lançando uma migalha para os pombos: “O respeito é a raiz. Sem ele, nada cresce.”
E assim, entre palavras e silêncios, seguiram os dois. Sem precisar provar nada ao mundo, apenas existindo um para o outro.
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