Analfabetismo voluntário
Renunciar à leitura é como ter uma janela aberta para o infinito e escolher mantê-la fechada. Quem lê exercita a empatia, expande horizontes, questiona certezas. Quem não lê contenta-se com o que lhe é dito, repete sem compreender, vive à superfície.
Há uma quietude poderosa no ato de abrir um livro. Ali, no silêncio das páginas, pulsa a voz de quem ousou sonhar, pensar, discordar. E quando escolhemos não ler, silenciamos essas vozes. Tornamo-nos surdos ao grito de quem veio antes e cegos às possibilidades do que virá.
A alfabetização não se mede apenas pela capacidade de decifrar palavras, mas pelo uso que fazemos delas. Ler é um gesto de liberdade. Não ler — por indiferença, por preguiça ou por desdém — é uma forma de prisão consentida.
Por isso, os verdadeiros analfabetos são aqueles que sabem ler, mas recusam o convite à viagem. Que dominam o código, mas desprezam o sentido. Porque o analfabetismo mais grave não é o da letra, mas o da alma.
Imagem: Pixabay