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Nos corredores onde se decidem os destinos das nações, a velha retórica da solidariedade internacional cedeu lugar a uma nova máxima: "O que há para ganhar?" A diplomacia transacional, promovida pelos Estados Unidos, redefine as relações internacionais não em termos de princípios, mas de negócios. Ajuda humanitária, alianças estratégicas e até mesmo apoio militar tornaram-se mercadorias num grande leilão global.
Mas o que isso significa, exatamente?
Se antes os Estados falavam de valores como fraternidade entre os povos, agora tudo é cotado. Apoiar um aliado? Só se houver retorno. Ajudar um país devastado pela guerra? Depende do potencial económico da reconstrução. Oferecer ajuda humanitária? Primeiro, analisemos os contratos que isso pode gerar. Até a paz tem um preço, e não é simbólico.
O custo humano também entrou na contabilidade. Mortos, refugiados, cidades destruídas – tudo pode ser quantificado e, se possível, convertido em benefício estratégico. A pergunta que os diplomatas modernos fazem já não é "como evitar mais sofrimento?", mas sim "qual a vantagem para nós?".
E os mais vulneráveis? Esses são os que mais pagam, e ironicamente, os que menos têm. Países endividados, devastados ou ricos em recursos naturais (mas pobres em poder) tornam-se alvos perfeitos da nova diplomacia: ajuda em troca de influência, empréstimos em troca de submissão, proteção em troca de concessões.
O mundo sempre teve interesses e cambalachos, mas pelo menos havia o disfarce da ética. Agora, nem isso. A diplomacia transacional é transparente – brutalmente transparente. Afinal, a moral pode ser nobre, mas não fecha balanço trimestral.