Direitos sem deveres, uma sociedade em risco
Vivemos tempos em que a palavra "direitos" ganhou protagonismo absoluto no discurso público, enquanto "deveres" se tornaram quase um tabu. Muitos confundem liberdade com ausência de regras, e cidadania com privilégio. O resultado é uma sociedade em que a falta de educação, o desrespeito pela autoridade e o desprezo pelas leis se tornam cada vez mais comuns — e perigosamente normalizados.
Nas ruas, vê-se a impunidade nas pequenas infrações: atravessar fora da passadeira, atirar lixo ao chão, desobedecer a sinalização de trânsito, estacionar em locais proibidos. Nas escolas, alunos que já não respeitam professores; nos hospitais, profissionais de saúde agredidos verbal ou fisicamente. E tudo isto sob o olhar cúmplice de uma cultura que valoriza o “eu” acima do “nós”.
A autoridade, longe de ser sinónimo de autoritarismo, é a base de qualquer sociedade organizada. Sem respeito pelas instituições e pelas regras que nos regem, não há democracia possível, apenas caos disfarçado de liberdade.
É urgente resgatar o valor da responsabilidade individual. Não podemos continuar a educar gerações com a ilusão de que os direitos caem do céu e os deveres são uma opressão. O equilíbrio entre ambos é o que sustenta a convivência civilizada. Sem ele, não teremos cidadãos — apenas habitantes. E um país cheio de habitantes, mas vazio de civismo, está condenado à desordem.
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