Em 27 de janeiro de 1945, tropas soviéticas libertaram Auschwitz
Auschwitz é o retrato de um horror indescritível. Não são apenas as câmaras de gás, os montes de sapatos ou os vagões onde se comprimiam vidas humanas como mercadorias descartáveis que chocam — é a banalidade do mal que assombra mais profundamente. Homens e mulheres comuns, que iam para casa após o expediente, que brincavam com os seus filhos e frequentavam cafés, tornaram-se engrenagens de uma máquina de genocídio. Eles registavam números, não vidas; apertavam botões, não consciências. Esta frieza, esta normalidade aparente, é o que torna Auschwitz tão assustador: foi o trabalho de pessoas ditas normais.
Quando visitei Auschwitz e Birkenau, uma tempestade de emoções tomou conta de mim. A cada passo, o peso do silêncio era insuportável, quase esmagador. A vastidão de Birkenau, com as suas intermináveis filas de barracões, parece gritar uma ausência: de esperança, de humanidade. Senti uma tristeza profunda, mas também um desconforto visceral — como permitimos que isto acontecesse? O cheiro de cinzas do passado parece pairar sobre o lugar, lembrando que ali, onde hoje andamos livres, incontáveis pessoas perderam tudo, até a própria identidade.
Os campos de concentração deveriam ser uma paragem obrigatória para os estudantes. Não para cultivar ódio, mas para assegurar memória. Porque o perigo não mora apenas em ditadores; ele cresce na indiferença, na aceitação do intolerável como rotina. O legado da liberdade nunca esteve tão ameaçado como nos dias de hoje, e visitar Auschwitz é uma lição sobre o que perdemos quando viramos o rosto à barbárie. Que a dor que sentimos ali, ao caminhar por entre os trilhos, nos sirva como um aviso eterno: jamais esquecer.