Ignorância e estupidez
Não há nobreza maior que a do ignorante bem-intencionado. Ele não sabe, mas está absolutamente certo de que sabe — e isso basta. Afinal, quem precisa de conhecimento quando se tem convicção? E se vier com um sorriso no rosto e a alma em paz, mais perigoso se torna. Nada como a pureza de um erro embrulhado em boas intenções para levar multidões ao abismo com entusiasmo.
Depois temos a estupidez conscienciosa — aquela maravilha de lucidez perversa. É o sujeito que sabe que não sabe, mas finge que sabe, e fá-lo com método, calendário e objetivos mensuráveis. Este é um artista. Um arquiteto da desgraça com régua, esquadro e PowerPoint.
E aqui estamos nós, governados por uns e seguidos por outros, a bater palmas com a testa e a achar que tudo vai correr bem. Que consolo é saber que, entre o caos e a catástrofe, ao menos somos liderados por gente sincera… ou conscienciosa.
Talvez um dia sejamos salvos pela dúvida. Mas isso exigiria pensar. E pensar é perigoso.
Imagem: Pixabay