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Rui Ferreira autor

Nas páginas deste blog, desvendo o meu universo literário. Entre linhas e versos convido-o a mergulhar nas emoções e reflexões que habitam nas minhas palavras. Este é o espaço onde as ideias ganham vida.

Rui Ferreira autor

Nas páginas deste blog, desvendo o meu universo literário. Entre linhas e versos convido-o a mergulhar nas emoções e reflexões que habitam nas minhas palavras. Este é o espaço onde as ideias ganham vida.

O Fardo dos Libertadores

01.02.25 | RF

DALL·E 2025-02-01 19.56.15 - A symbolic illustrat

Outrora, marcharam sobre Berlim como libertadores, erguidos em glória contra a besta nazi, trazendo ao mundo a promessa de que o horror jamais se repetiria. O sangue que derramaram selava um pacto: nunca mais. Os herdeiros do Exército Vermelho, que libertaram Auschwitz e prometeram ao mundo que o fascismo jamais voltaria, hoje desfilam tanques sobre os escombros de cidades que juraram proteger. A mesma mão que um dia levantou o estandarte da libertação agora assina decretos de anexação e deportação em massa. Quando a bota pisa, pouco importa se a bandeira é vermelha, azul ou preta — a terra treme da mesma maneira.

Do outro lado, aqueles que, em tempos, foram arrancados das suas casas, espancados, marcados e exterminados em fornalhas, hoje erguem muralhas, isolam, bombardeiam, famintos de segurança e assolados pelo medo. Os filhos de Sião, tornaram-se mestres na arte do cerco. Construíram muros, ergueram checkpoints, criaram guetos onde a esperança definha ao som de drones e explosões. Outrora vítimas, agora administradores da dor. Antes, eram os filhos de Varsóvia; hoje, os senhores de Gaza.

O ciclo fecha-se, a história cospe na lápide dos mártires, e o mundo observa, perplexo, sem saber se lamenta ou se ri da ironia macabra. Afinal, os libertadores tornaram-se tiranos, e os libertados aprenderam depressa a arte dos seus antigos algozes.

 

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