O fascínio das palavras: da quintessência ao pináculo
Há palavras que nos acompanham como velhos amigos. Outras chegam de mansinho, como quem entra sem bater, e ocupam um canto confortável na nossa alma. Gosto particularmente de algumas — não pela frequência com que as uso, mas pela música que encerram, pela pose que têm ao entrar numa frase. Quintessência, por exemplo. Que palavra vaidosa! Parece caminhar de salto alto, vestida de veludo antigo, a cheirar a biblioteca e a mistério. Diz mais do que significa; evoca o inalcançável, a perfeição destilada, o âmago do que é puro e essencial.
Depois há o pináculo, esse bicho altivo que aponta para o céu como se quisesse tocar o impossível. Gosto de dizê-lo devagar: pi-ná-cu-lo. Parece o nome de um local sagrado onde se chega apenas depois de muita labuta e alguma poesia. O pináculo é onde a ambição repousa, depois de subir montanhas de incerteza.
Há palavras que dançam, outras que flutuam, algumas que mordem. Lúgubre arrasta a capa no chão e faz ranger os degraus da escada. Súbito aparece de repente, claro. E esvoaçante... ah, essa tem asas, claro que tem! Usa saia leve e vive entre o sonho e o vento.
Gostar de palavras é como gostar de pedras preciosas: umas brilham à luz do dia, outras só revelam o encanto à sombra do silêncio. Mas todas, se bem cuidadas, dizem mais do que parecem.
No fim de contas, as palavras não são só ferramentas — são criaturas vivas, têm humor, têm estilo, têm desejos. E nós, amantes confessos dessa fauna caprichosa, sabemos: o mundo sem palavras seria apenas um eco sem origem. E que vazio sem graça seria.