Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Rui Ferreira autor

Nas páginas deste blog, desvendo o meu universo literário. Entre linhas e versos convido-o a mergulhar nas emoções e reflexões que habitam nas minhas palavras. Este é o espaço onde as ideias ganham vida.

Rui Ferreira autor

Nas páginas deste blog, desvendo o meu universo literário. Entre linhas e versos convido-o a mergulhar nas emoções e reflexões que habitam nas minhas palavras. Este é o espaço onde as ideias ganham vida.

O Instante Eterno

19.08.24 | RF

P8221303.JPG

Numa tarde de outono, quando as folhas dançavam ao sabor do vento, encontrei um velho relógio de bolso numa loja de antiguidades. O seu tiquetaque era suave, quase imperceptível, como se segredasse confidências do tempo. O vendedor, com olhos enrugados e sorriso afável, disse-me: "Este relógio guarda o instante eterno."
 
Intrigado, levei-o para casa. À noite, sentado à janela, observei o ponteiro dos segundos. Avançava implacável, marcando cada momento que se esvaía. Mas havia ali algo diferente. Um segundo estendia-se, como um fio de prata que se desdobrava em infinitas possibilidades.
 
Pensei nas estações que se sucediam, nas pessoas que cruzavam o meu caminho, nos amores que floresciam e murchavam. Tudo era efémero, como a chuva que caía lá fora. A dor, a alegria, os sonhos — tudo tinha o seu tempo, como notas musicais numa partitura.
 
O relógio ensinou-me a apreciar cada instante. A sorrir para o desconhecido, a abraçar o efémero. Mostrou-me que a eternidade não está no tempo que se prolonga, mas na intensidade com que vivemos. Naquele segundo, enquanto o ponteiro avançava, senti a eternidade num olhar, num gesto, num suspiro.
 
Hoje, o relógio repousa na estante da minha sala. O seu tiquetaque continua, mas agora sei que o instante eterno está em cada batida do coração, em cada respiração. Nada é para sempre, exceto a memória daqueles momentos que vivemos intensamente. Por isso sorrio para o tempo, sabendo que ele é apenas um urdidor de histórias, e nós, os protagonistas da nossa própria eternidade.