O Livro de Julho
2024 não foi, o ano da procrastinação. Não, senhor. Foi um ano de preparativos minuciosos, de experimentação e de olhares lançados sobre o abismo humano. Foi o ano em que acumulei pequenas e grandes tragédias, como um colecionador ávido que nunca se cansa de procurar a peça final para a sua coleção.
Agora, em 2025, prometo algo novo. Um livro. Não uma história confortável que embala a alma, mas um mergulho no desconforto. A violência doméstica espreita em cada esquina, como aquele vizinho coscuvilheiro que sabemos que está ali, mas evitamos confrontar. A síndrome de Down surge como um toque de inocência e resistência, como uma flor que cresce no betão. As relações familiares são um campo minado, onde cada palavra pode ser a explosão definitiva.
Ah, e não se esqueçam das relações interesseiras, essas danças ensaiadas onde todos fingem ter os pés firmes enquanto escorregam no gelo da dissimulação. Tudo isso temperado com a exploração profissional, aquela velha conhecida que nos suga até ao tutano enquanto finge oferecer-nos um sorriso.
Será um livro diferente. Um espelho sujo colocado à frente do mundo, à espera que alguém o limpe para enxergar melhor — ou para evitar o reflexo. Julho, ao que tudo indica, será o mês da verdade. Preparem-se. Afinal, 2025 não será um ano para procrastinadores, mas para leitores.