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Rui Ferreira autor

Nas páginas deste blog, desvendo o meu universo literário. Entre linhas e versos convido-o a mergulhar nas emoções e reflexões que habitam nas minhas palavras. Este é o espaço onde as ideias ganham vida.

Rui Ferreira autor

Nas páginas deste blog, desvendo o meu universo literário. Entre linhas e versos convido-o a mergulhar nas emoções e reflexões que habitam nas minhas palavras. Este é o espaço onde as ideias ganham vida.

O Silêncio de Bucha

22.02.25 | RF

 

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É possível esquecer Bucha? Deixá-la dissolver-se no tempo como um pesadelo esquecido ao amanhecer? A história, escreve-se demasiadas vezes com o sangue dos inocentes e apaga-se com a tinta da conveniência. O horror converte-se em notas de rodapé, em estatísticas frias, em números que ninguém quer contar. As ruas onde corpos jaziam, abandonados como sombras sem nome, tornam-se meras referências num relatório diplomático.
 
E se não houver culpados? Se ninguém for chamado a prestar contas? Se a justiça for apenas um eco débil, sufocado pelo pragmatismo das relações internacionais? Talvez seja este o destino da humanidade: negociar sobre ossadas, assinar contratos com mãos sujas de sangue, apertos de mão que selam acordos de gás e petróleo, enquanto os fantasmas de Bucha clamam no vazio.
 
Talvez seja isto o mundo. Um tabuleiro de negócios onde a moralidade é um bem descartável. Onde se esquece por conveniência, onde se perdoa sem arrependimento, onde tudo tem um preço – e, muitas vezes, é vergonhosamente baixo.
 
Mas se esquecermos Bucha, o que virá depois? O que mais estaremos dispostos a enterrar na vala comum do esquecimento?