O Vazio da Pena
15.01.25 | RF
Há dias em que as palavras fogem,
como pássaros assustados diante do vento.
Os versos, antes correntes vivas,
tornam-se poças estagnadas.
A mão pesa sobre o papel,
e a tinta, seca,
não desenha mais mundos.
O que outrora era voz,
agora é silêncio.
Onde estás, musa errante?
Em que curvas te perdi?
Procuro-te nas sombras da manhã,
no sopro das árvores,
nos olhos de quem passa.
Mas tudo é mudo.
O poeta, quando desinspirado,
é um viajante sem estrada.
Um mar sem horizonte,
um corpo que respira,
mas não vive.
A falta dói,
não como a saudade de um amor,
mas como o esquecimento de si mesmo.
Sem a inspiração,
o poeta não é criador.
É ruína.
Ainda assim,
a pena espera,
quieta e paciente,
como quem sabe
que toda ausência
carrega em si
a promessa do retorno.
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