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Rui Ferreira autor

Nas páginas deste blog, desvendo o meu universo literário. Entre linhas e versos convido-o a mergulhar nas emoções e reflexões que habitam nas minhas palavras. Este é o espaço onde as ideias ganham vida.

Rui Ferreira autor

Nas páginas deste blog, desvendo o meu universo literário. Entre linhas e versos convido-o a mergulhar nas emoções e reflexões que habitam nas minhas palavras. Este é o espaço onde as ideias ganham vida.

Os homens que se tornam ferro

12.02.25 | RF

DALL·E 2025-02-12 14.44.41 - A haunting battlefie

 

A guerra devora tudo.

O chão encharcado de sangue

não distingue heróis de covardes,

nem sonhos de cinzas.

 

Homens simples, arrancados das suas casas,

vestem fardas que pesam como correntes.

Aprendem a disparar antes de entender porquê,

aprendem a matar antes de lembrar quem são.

 

O medo endurece-os,

a fome desumaniza-os,

e pouco a pouco, deixam de ser homens

tornam-se máquinas de obediência,

marcham como espectros sem alma,

lutam não por ideais,

mas porque morrer é o único erro

que não podem cometer.

 

A guerra não lhes pertence.

Foi feita por outros,

por aqueles que nunca seguram uma arma,

que nunca sentem o frio da madrugada

entre corpos esquecidos no campo.

 

Esses, assistem de longe,

enriquecem com cada explosão,

com cada grito abafado pelo estrondo do canhão.

Para eles, a guerra não é tragédia,

é um negócio.

 

E quando a poeira assenta,

quando a terra engole os mortos,

os que sobreviveram não voltam para casa.

Porque a casa ficou para trás,

junto com a parte deles

que um dia soube o que era ser humano.