Raízes que se alastram
Há um campo vasto e fértil onde o medo cresce como erva daninha. As sementes das ideologias extremistas são lançadas ao vento — algumas caem no solo seco da desesperança, outras encontram terra húmida no ódio escondido em corações que já não sabem sonhar.
No começo, são apenas murmúrios. Pequenos sussurros de revolta que se misturam ao murmúrio do rio e ao ranger das portas fechadas. Mas murmúrios tornam-se gritos quando encontram ouvidos que precisam de respostas simples para dores complexas. E assim, as raízes começam a entranhar-se.
Há sempre alguém que planta essas sementes. Alguém que conhece o peso das palavras afiadas como lâminas. "Nós contra eles" — dizem. E de repente, o mundo divide-se em lados opostos. A nuance desaparece, como a luz engolida por uma tempestade que se avizinha.
As folhas crescem rápidas, sedentas por atenção. Prometem proteção, justiça, pertencimento. Mas as promessas são feitas de sombra — de medo do outro, de raiva do desconhecido. E cada fruto colhido carrega um veneno doce, que alimenta o ressentimento e a ilusão de pureza.
As ideologias extremistas não nascem do vazio. São cultivadas quando o solo é negligenciado, quando a fome de respostas não é saciada com sabedoria, mas com verdades rasas e fáceis. Prosperam nas frestas da sociedade, onde a dor e o isolamento encontram companhia.
E quanto mais crescem, mais abafam as flores nativas: o diálogo, a empatia, o respeito pelas diferenças. As árvores do extremismo erguem-se altas, as suas sombras engolem horizontes, e os que caminham sob elas perdem de vista a luz.
Mas há um segredo que essas árvores ignoram: as suas raízes são frágeis. Por mais profundas que pareçam, não suportam o toque firme de mãos que se unem para arrancá-las. Não resistem ao sopro de um vento que traz de volta o cheiro de liberdade, de entendimento, de humanidade.
Ainda há tempo para limpar o campo. Ainda há mãos dispostas a replantar a terra com sementes de esperança. Basta lembrar que, por mais alto que um grito ecoe, ele nunca abafará a força do silêncio compartilhado entre aqueles que escolhem ouvir.