Saudade que não se mede
A casa permanece a mesma, mas o silêncio tem outro peso. Há um prato a menos na mesa, um casaco que já não ocupa o cabide da entrada, um perfume que só vive na memória. O tempo passa, mas a ausência não se dissolve — ela entranha-se nos dias, nos gestos, nas pequenas coisas que antes pareciam banais.
Saudade de ouvir a porta abrir ao final da tarde, de ver o brilho no olhar ao contar as novidades, de sentir aquele abraço que, sem palavras, dizia tudo. É um vazio que ninguém preenche, porque há pessoas que não têm substituição, que carregam com elas pedaços do nosso coração quando partem.
Orgulho e saudade caminham lado a lado. O peito incha ao saber que ela está a construir o seu futuro, a conquistar o mundo. Mas à noite, quando tudo fica mais quieto, o peito aperta com a vontade de regredir no tempo, de ter mais um dia com ela aqui, perto.
A vida segue, e o amor à distância reinventa-se. Mas a verdade é que há afetos que nunca se acostumam com a distância — apenas aprendem a esperar.