Ser criança, lá no Leste
Caiem lá no Leste
Lágrimas de rostos sem infância
Sem mais nada que lhes reste
Que não seja tristeza e intolerância
Brincam sem alegria, às escondidas
Nas profundas crateras das bombas
Tentam recuperar as horas perdidas
Recolhendo-se nas horas longas
Caiem lá no Leste
Lágrimas de um pequeno rosto
Sem mais nada que lhe reste
Que o tirano seja deposto
Nos lares esventrados, estabelecem fronteiras
De desejos e sonhos, constroem ilusões
Na sua inocência já não fazem brincadeiras
Dos adultos apenas recebem desilusões
Caiem lá no Leste
Lágrimas de crianças despojadas
Sem mais nada que lhes reste
Do que afinidades dizimadas
Com a morte como parceira
Que na sombra as procura em covardia
Fazem da solidariedade, a barreira
Que as protege de tão grande perfídia
Caiem lá no Leste
Lágrimas de um rosto de esperança
Com pouco ou nada que lhe reste
Que não seja deixar de ser criança
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