Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Rui Ferreira autor

Nas páginas deste blog, desvendo o meu universo literário. Entre linhas e versos convido-o a mergulhar nas emoções e reflexões que habitam nas minhas palavras. Este é o espaço onde as ideias ganham vida.

Rui Ferreira autor

Nas páginas deste blog, desvendo o meu universo literário. Entre linhas e versos convido-o a mergulhar nas emoções e reflexões que habitam nas minhas palavras. Este é o espaço onde as ideias ganham vida.

A distância engana

5f7a34fd-3c78-438b-b940-616257213193.jpg

"Como são admiráveis as pessoas que não conhecemos." Uma frase que se reproduz nos corredores da admiração passiva, onde a distância pinta a realidade com pinceladas de perfeição. Afinal, quem nunca se encantou com a vida impecável de um desconhecido nas redes sociais? O seu largo sorriso branqueado, as viagens exóticas e as paixões inspiradoras – tudo isto visto através da neblina romantizada da ignorância.

Mas, e se pudéssemos acompanhar esse mesmo indivíduo por um dia inteiro? Ver as suas crises existenciais, os seus hábitos estranhos e as suas conversas sem sentido? A admiração daria lugar à mais pura realidade, e a aura de perfeição desfazer-se-ia como o açúcar na água.

A verdade é que a distância permite-nos idealizar, enquanto a proximidade nos confronta com a complexidade da natureza humana. E, afinal, quem é realmente admirável? Aquele que aparenta ser perfeito à distância ou aquele que, mesmo com as suas imperfeições, se mostra genuíno e autêntico?

O silêncio, esse desconhecido

portrait-man-saying-shush.jpg

Aplaudir durante o minuto de silêncio é como gritar “silêncio!” numa biblioteca. Uma contradição ensurdecedora. Será que as palmas são uma espécie de código secreto? Um sinal de que a pessoa não compreendeu a língua materna? Ou talvez seja uma forma de dizer: “Eu sou mais importante do que este momento de respeito?”

Será que as palmas são a nova forma de assobiar? Ou talvez seja uma maneira de dizer: “Eu estou aqui, olhem para mim!"

É intrigante como algo tão simples de entender se torna tão complexo para alguns.

Algumas pessoas parecem ter um relacionamento conturbado com o silêncio. Será que elas acham que as palmas ajudam a afogar o som dos próprios pensamentos? Ou será que elas simplesmente não sabem bater palmas de outra forma?

O minuto de silêncio tornou-se uma espécie de piada interna. Um convite à reflexão que, paradoxalmente, gera mais ruído do que reflexão. As palmas, nesse contexto, são como um grito ensurdecedor no meio de um murmúrio. Será que as pessoas procuram preencher o vazio do silêncio com algo, qualquer coisa? Ou será que a ideia de não fazer nada durante um minuto é assim tão insuportável?

Imagem: https://br.freepik.com/fotos-gratis/retrato-de-homem-dizendo-shush_15857452.htm#fromView=search&page=1&position=36&uuid=f90b7e26-9a37-434d-8f7e-7024e9f6bc5d