A distância engana
"Como são admiráveis as pessoas que não conhecemos." Uma frase que se reproduz nos corredores da admiração passiva, onde a distância pinta a realidade com pinceladas de perfeição. Afinal, quem nunca se encantou com a vida impecável de um desconhecido nas redes sociais? O seu largo sorriso branqueado, as viagens exóticas e as paixões inspiradoras – tudo isto visto através da neblina romantizada da ignorância.
Mas, e se pudéssemos acompanhar esse mesmo indivíduo por um dia inteiro? Ver as suas crises existenciais, os seus hábitos estranhos e as suas conversas sem sentido? A admiração daria lugar à mais pura realidade, e a aura de perfeição desfazer-se-ia como o açúcar na água.
A verdade é que a distância permite-nos idealizar, enquanto a proximidade nos confronta com a complexidade da natureza humana. E, afinal, quem é realmente admirável? Aquele que aparenta ser perfeito à distância ou aquele que, mesmo com as suas imperfeições, se mostra genuíno e autêntico?