Vejo com os olhos fechados,escuto o silêncio ensurdecedor,toco o vazio que pesacomo o tempo que nunca passou. Sou um estranho conhecido,um vivo que nunca existiu,uma sombra que se estendesem que haja luz. Sou ausência que pesa,corpo que anda sem estar,um nome que ecoa,mas nunca foi chamado.
A cidade acordou num silêncio estranho. Não era o silêncio do alvorecer, nem aquele que precede o estrondo dos mísseis. Era um vazio opressor, um buraco no quotidiano da guerra. Há meses, talvez anos, ninguém sabia ao certo, as sirenes eram a música da vida. (...)
Diante dos que se erguem como montanhas, convencidos de serem o ponto mais alto do mundo, a arte está em ser o vento. O vento que observa, que desliza, que toca sem se prender. Eles falam como se a verdade coubesse inteira na palma da mão, como se o horizonte (...)
05.03.25 | RF |
Vivemos num tempo em que o silêncio pesa mais do que as palavras e a presença se tornou um bem escasso. No entanto, há dias em que tudo o que precisamos é de alguém que se sente ao nosso lado, não para resolver os nossos dilemas, mas simplesmente para ouvir, para (...)
Os fracos comandam os fortes, com mãos vazias cheias de tudo. Sentam-se em tronos sem base, erguem castelos feitos de vento.
Os mudos discursam em gritos, os surdos aplaudem em silêncio. Prometem o que nunca deram, tomam o que nunca pediram.
Os famintos servem banquetes, (...)
28.01.25 | RF |
O inverno chega sem pressa, sussurrando ao mundo que é tempo de pausa. O céu veste-se de cinzento, e a terra adormece sob o manto branco da neve. Há quem o tema esse frio que cala os campos, esse vento que despenteia as árvores e corta o rosto como uma lâmina invisível. (...)
21.01.25 | RF |
Sentado à beira da estrada, o velho observa o tempo como quem já não lhe pertence. A vida, agora, é uma sucessão de dias iguais, pálidos como a poeira que repousa na sua pele. Não tem casa. Não tem pressa. O que tinha, perdeu. Ou talvez tenha deixado para trás, com (...)