Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Rui Ferreira autor

Nas páginas deste blog, desvendo o meu universo literário. Entre linhas e versos convido-o a mergulhar nas emoções e reflexões que habitam nas minhas palavras. Este é o espaço onde as ideias ganham vida.

Rui Ferreira autor

Nas páginas deste blog, desvendo o meu universo literário. Entre linhas e versos convido-o a mergulhar nas emoções e reflexões que habitam nas minhas palavras. Este é o espaço onde as ideias ganham vida.

Livros que deixam marcas

1733235980679.jpg

Perguntaram-me, em tempos, quais os livros que mais me marcaram. A resposta veio rápida, quase instintiva: A Palavra, de Irving Wallace, e O Evangelho Segundo Jesus Cristo, de José Saramago. À primeira vista, pode parecer estranho juntar dois autores de contextos tão diferentes, com estilos e narrativas que percorrem caminhos distintos. Mas, quanto mais reflito, mais percebo o que os une: a coragem de confrontar as verdades absolutas, de desconstruir o que tomamos como inquestionável, e de nos deixar à mercê das nossas próprias interrogações.

Irving Wallace, com a sua abordagem narrativa meticulosa, dá-nos em A Palavra uma visão poderosa sobre o impacto de um manuscrito que desafia as fundações da fé. Não é apenas um thriller literário; é um convite a pensar sobre como o poder e a religião moldam as sociedades e as consciências. Já Saramago, com a sua prosa densa e profundamente humana, desmistifica o sagrado em O Evangelho Segundo Jesus Cristo, trazendo uma figura divina para um terreno visceralmente humano, repleto de dúvidas, medos e desejos.

O que têm estes dois autores em comum é a ousadia de enfrentar tabus, de explorar territórios literários onde as ideias e as crenças são postas em xeque. Ambos nos entregam histórias que, em última análise, não oferecem respostas definitivas, mas perguntas profundas. Perguntas sobre fé, poder, moralidade e o papel das instituições — sejam elas religiosas ou políticas — na construção da nossa identidade.

E é aí que encontro a ponte para os desafios da sociedade de hoje. Vivemos numa era de verdades líquidas, onde a informação é abundante, mas a sabedoria parece escassa. As instituições que antes pareciam inabaláveis estão fragilizadas pela desconfiança, pela manipulação e pelo ruído constante. E, no meio desse caos, falta-nos a coragem de questionar, de duvidar, de confrontar as estruturas que ainda nos governam, seja no plano espiritual, seja no social.

Talvez o maior desafio seja encontrar espaço para o silêncio — o silêncio que antecede a reflexão, que nos permite ouvir as nossas próprias inquietações. É nesse espaço que os livros de Wallace e Saramago habitam. Eles lembram-nos que, por mais que o mundo tente impor-nos certezas, é no confronto com o incómodo que verdadeiramente crescemos.

Hoje, mais do que nunca, precisamos dessa coragem. De escavar o que está enterrado, de olhar para o que evitamos, de dar voz à palavra e ao questionamento, mesmo que isso nos tire da zona de conforto. Afinal, o que é a literatura senão uma bússola para nos orientar nas sombras do desconhecido?

Uma conversa serena sobre o caos global

1732482529492.jpg

Na intimidade da Fnac, José Rodrigues dos Santos conduziu-nos por um labirinto de conspirações globais, desenhado com a mestria de quem domina a arte de contar histórias.
A sua voz, serena e precisa, desvendou as camadas do "Protocolo Caos", um romance/thriller que nos convida a refletir sobre o poder das redes sociais e a fragilidade da democracia face a forças obscuras.
Com a naturalidade de quem convive com as letras desde sempre, o autor desenvolveu uma narrativa envolvente, pintando um quadro sombrio da manipulação da informação e da disseminação do ódio. A cada palavra, a plateia era imersa num mundo onde a verdade é relativa e a desconfiança é cultivada.
No entanto, a conversa não se limitou a um mero exercício de suspense. José Rodrigues dos Santos, com a sabedoria de quem acompanha os acontecimentos mundiais de perto, apresentou reflexões profundas sobre o papel do jornalista na sociedade contemporânea e a importância da literacia digital para combater a desinformação.
No final da noite, a sensação era a de ter assistido a uma aula magistral sobre os desafios do nosso tempo. A serenidade do autor, em contraste com a turbulência dos temas abordados, serviu como um farol no meio de uma tempestade de informações que nos assola. O "Protocolo Caos" não é apenas um livro, mas um convite à reflexão sobre o mundo em que vivemos.
 
 

A Máscara Dourada

OIG1.9ppEOCKN5.jfif

A sociedade, um palco sumptuoso onde todos vestem as suas máscaras mais elegantes. Sorrisos largos, como joias falsas cintilando sob a luz artificial, ocultam as verdadeiras emoções, tão frágeis como vidro fino. As palavras, como moedas falsas, são trocadas em profusão, prometendo um valor que nunca será entregue.

A hipocrisia, a moeda corrente nesse reino de aparências, compra a adesão e silencia as discordâncias. Os elogios vazios ecoam nos salões, enquanto as críticas mordazes são segredadas nos corredores. A inveja, disfarçada de admiração, corrói as relações, transformando os encontros sociais em batalhas silenciosas por estatuto e poder.

Sob a máscara dourada, as almas espreitam-se, famintas por autenticidade. Mas a demanda é em vão, porque a verdade é um bem escasso nesse mundo de ilusões. E assim, a dança continua, um ballet macabro onde todos fingem ser aquilo que não são, presos num labirinto de aparências, incapazes de encontrar a saída.

 

Imagem criada por IA

Liberdade de expressão e progresso

IMG_8103.JPG

A liberdade de pensamento e expressão é um dos pilares fundamentais de uma sociedade justa e progressista. Sem ela, a humanidade estaria condenada a uma estagnação intelectual e moral. A capacidade de expressar ideias, questionar o status quo e debater abertamente é o que impulsiona o avanço do conhecimento e da civilização.

No entanto, essa liberdade não vem sem um custo. Muitas vezes, aqueles que ousam desafiar as normas estabelecidas enfrentam resistência, censura e até perseguição. A história está repleta de exemplos de indivíduos que pagaram um preço alto por defenderem as suas convicções e por promoverem a troca livre de ideias. Mas é precisamente através dessas vozes dissidentes que a sociedade evolui.

A crítica construtiva e a troca de argumentos são essenciais para o progresso. Quando diferentes perspetivas se encontram, há uma oportunidade única de aprendizagem e crescimento. É na diversidade de opiniões que encontramos soluções inovadoras para os desafios que enfrentamos. É pois, imperativo que continuemos a proteger e valorizar a liberdade de expressão, mesmo quando isso significa enfrentar adversidades.

Em suma, assegurar o pensamento livre e a liberdade de expressão é vital para o desenvolvimento humano. É através da crítica e do diálogo aberto que o mundo avança, e é nossa responsabilidade coletiva garantir que essas liberdades sejam preservadas para as gerações futuras.

A rejeição é  uma ferida invisível

menina-amor-namorado-divorcio-fundo_1150-1511.jpg

A rejeição é  uma ferida invisível que silenciosamente carregamos no coração. Quando somos rejeitados, algo se quebra dentro de nós, e a dor espalha-se como fissuras num espelho. 
 
A rejeição toca no nosso âmago. Lembra-nos da nossa humanidade frágil, das nossas imperfeições e limitações. Quando alguém nos rejeita, sentimos que não somos bons o suficiente, que não merecemos amor, aceitação ou oportunidades.
 
E assim, procuramos subterfúgios para nos proteger. Criamos máscaras, disfarces, personagens que apresentamos à sociedade. Sorrimos quando queremos chorar, concordamos quando queremos discordar, escondemo-nos atrás de uma fachada de normalidade. Tudo para evitar a rejeição, para não sermos expostos como vulneráveis, como falíveis.
 
Mas essa dança de subterfúgios tem um preço.  Deixamos de ser autênticos, de nos ligarmos verdadeiramente uns com os outros.
 
Talvez seja hora de encarar a rejeição de frente. Aceitar que somos humanos, com as nossas fraquezas e imperfeições. Que a rejeição não nos define, mas faz parte da caminhada.
 
Afinal, não é na aceitação da nossa própria fragilidade que encontramos força?
 
 
Talvez este texto lhe interesse:
 
Imagem: https://br.freepik.com/fotos-gratis/menina-amor-namorado-divorcio-fundo_1129407.htm#fromView=search&page=1&position=2&uuid=66d2216d-09fe-4cc4-8208-d66872a04f04

Texto do dia VII

OIG4.jfif

Nesta vida onde os espelhos se tornaram mais consultados que os livros, a sociedade desfila numa passarela de efemeridades. A profundidade é ofuscada pelo brilho superficial de um "Gosto", e a sabedoria antiga é trocada por tutoriais de cinco minutos. 
Nesta feira de vaidades, o conteúdo genuíno é substituído por filtros que distorcem a realidade, criando um palco onde todos são atores, mas poucos reconhecem o teatro. Valoriza-se o que é volátil, e a procura incessante pelo extraordinário torna o ordinário desvalorizado. 
Tenta-se normalizar o anormal, aplaudindo-se o extravagante enquanto o essencial é relegado ao esquecimento. 
A sociedade, embriagada pelo consumo desenfreado, esquece que as coisas mais valiosas não têm etiqueta de preço e que, no fim, o que realmente importa não pode ser comprado ou vendido. 
 
Talvez este texto lhe interesse:
 
Imagem gerada por IA 

Texto do dia III

freepik

O racismo, como uma sombra que se esgueira pelas frestas da sociedade, muitas vezes passa despercebido, oculto nos detalhes mais subtis do quotidiano. Manifesta-se no olhar que se desvia, na piada que se disfarça de inocência, nas oportunidades que são subtilmente negadas. É o preconceito que não grita, mas sussurra, que não se declara, mas insinua.
Nas entrelinhas de um comentário, na escolha de uma palavra, no silêncio cúmplice de quem observa, o racismo insidioso, ainda que invisível, ocupa e preenche o seu espaço. Ele veste-se de normalidade, esconde-se atrás de sorrisos e de gestos aparentemente inofensivos. Mas para aqueles que sentem o seu peso, ele é tão real como as correntes que outrora aprisionaram corpos, e que agora procuram aprisionar dignidades.
Combater esse racismo exige mais do que um olhar atento; requer uma consciência desperta, uma disposição para reconhecer e desafiar as pequenas grandes injustiças que, dia após dia, tentam passar por "normais".
 
Talvez este texto lhe interesse:
 
Imagem:https://br.freepik.com/vetores-gratis/pare-de-ilustracao-de-racismo_8812614.htm#fromView=search&page=1&position=12&uuid=82a9fbc7-9235-46f4-bea6-86f982539baa

Texto do dia

336497212_892900591932742_5042429303636114545_n.jp

A loucura, muitas vezes vista como um desvio da norma, pode ser a faísca que acende a chama da genialidade. Numa sociedade onde a conformidade é regra, é a loucura que ousa questionar, quebrar barreiras e explorar o desconhecido. Ela é o sopro de vida numa existência muitas vezes monótona, um convite para dançar ao som de uma melodia diferente.
Em momentos de crise, quando as soluções convencionais falham, é a loucura que oferece um caminho alternativo. Ela salva-nos da estagnação, empurrando a humanidade para frente, para inovações e descobertas que só podem nascer fora dos limites do pensamento racional. A loucura é, portanto, não apenas uma fuga, mas um retorno ao que é mais essencial e puro no espírito humano: a capacidade de sonhar e de transformar esses sonhos em realidade.

A arrogância

448269357_8457794300916666_3791767430705224066_n.j

A arrogância é como uma sombra que escurece o coração, impedindo-nos de ver a verdadeira essência dos outros e de nós mesmos.
Ser humilde não significa diminuir-se, mas antes reconhecer que, apesar das nossas conquistas, somos todos feitos da mesma matéria, sujeitos às mesmas dores e alegrias.
Quando deixamos de lado a arrogância e adotamos a humildade, a honestidade e a solidariedade, crescemos não só como indivíduos, mas também como sociedade.
Só assim seremos melhores seres humanos.

#arrogancia #sombras #escuridão #coração #autenticidade #verdadeiro #essencia #humildade #ruiferreiraautor #conquista #dor #alegria #honestidade #solidariedade #sociedade #serhumano #textos #textododia #boatardee #carpediem

A indiferença nas grandes cidades

448201302_8446200865409343_4025380219736232000_n.j

Nas grandes cidades, as ruas são veias por onde circula a indiferença, e os passos apressados dos transeuntes refletem a pressa de chegar a lugar nenhum. Há um silêncio ensurdecedor na multidão, uma solidão compartilhada em contraponto à cacofonia urbana.
As pessoas passam umas pelas outras como sombras, olhares baixos, temendo o encontro com a realidade do outro. O sofrimento alheio torna-se invisível, coberto pelo véu da apatia. Os que nada têm estendem mãos que clamam por ajuda, mas as suas vozes perdem-se no vórtice de uma sociedade que valoriza mais o ter do que o ser.
Tenta-se apagar a existência dos desfavorecidos com a indiferença, como se ignorar pudesse dissolver a dor. Mas a dor é uma tinta permanente na sociedade, e a indiferença apenas mancha mais profundamente. A frieza das grandes cidades não é mais do que o reflexo do gelo que se forma nos corações que se esqueceram de sentir.


#cidade #ruas #indiferença #indiferente #solidão #sofrimento #multidao #invisivel #sociedade #ruiferreiraautor #desfavorecidos #apagar #dor #sentir #Ignorar #textos #textododia #LiteraturaNacional #bomdiamundo #BomDiaAmigos #olhares