Despedirmo-nos de alguém que parte nunca é fácil. Mas quando se trata de uma alma que em vida só soube fazer o bem, que espalhou luz e deixou um rasto de amor por onde passou, o adeus torna-se ainda mais doloroso. A dor da ausência pesa no peito como um fardo (...)
Vejo com os olhos fechados,escuto o silêncio ensurdecedor,toco o vazio que pesacomo o tempo que nunca passou. Sou um estranho conhecido,um vivo que nunca existiu,uma sombra que se estendesem que haja luz. Sou ausência que pesa,corpo que anda sem estar,um nome que ecoa,mas nunca foi chamado.
A cidade acordou num silêncio estranho. Não era o silêncio do alvorecer, nem aquele que precede o estrondo dos mísseis. Era um vazio opressor, um buraco no quotidiano da guerra. Há meses, talvez anos, ninguém sabia ao certo, as sirenes eram a música da vida. (...)
Os fracos comandam os fortes, com mãos vazias cheias de tudo. Sentam-se em tronos sem base, erguem castelos feitos de vento.
Os mudos discursam em gritos, os surdos aplaudem em silêncio. Prometem o que nunca deram, tomam o que nunca pediram.
Os famintos servem banquetes, (...)
É possível esquecer Bucha? Deixá-la dissolver-se no tempo como um pesadelo esquecido ao amanhecer? A história, escreve-se demasiadas vezes com o sangue dos inocentes e apaga-se com a tinta da conveniência. O horror converte-se em notas de rodapé, em (...)
A cidade palpita em ritmos desconexos, grita sem ouvir, corre sem saber para onde. As vitrinas brilham, refletindo rostos vazios, sorrisos treinados, olhos que se perdem em écrans que nunca piscam. O essencial dissolve-se no ruído constante, enterrado sob a poeira do (...)
21.01.25 | RF |
Sentado à beira da estrada, o velho observa o tempo como quem já não lhe pertence. A vida, agora, é uma sucessão de dias iguais, pálidos como a poeira que repousa na sua pele. Não tem casa. Não tem pressa. O que tinha, perdeu. Ou talvez tenha deixado para trás, com (...)