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Rui Ferreira autor

Nas páginas deste blog, desvendo o meu universo literário. Entre linhas e versos convido-o a mergulhar nas emoções e reflexões que habitam nas minhas palavras. Este é o espaço onde as ideias ganham vida.

Rui Ferreira autor

Nas páginas deste blog, desvendo o meu universo literário. Entre linhas e versos convido-o a mergulhar nas emoções e reflexões que habitam nas minhas palavras. Este é o espaço onde as ideias ganham vida.

Vejo humanos, mas pouca humanidade

25.03.25 | RF

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Dizem que somos a espécie mais inteligente do planeta. Claro, sem dúvida, só que com a inteligência veio o dom inigualável de destruir tudo à nossa volta – e a nós mesmos, já agora. Humanos, há muitos. O que falta mesmo é humanidade, essa criatura mítica que aparece nos discursos de Natal e desaparece no resto do ano.
 
Observemos a fauna urbana: apinhados em transportes públicos, cada um no seu mundinho digital, ignorando o idoso que se equilibra como um contorcionista de circo para não cair. No trânsito, buzinar é mais comum do que piscar os faróis, porque a pressa é inimiga da cortesia. E, claro, o espetáculo diário das redes sociais, onde a empatia se resume a um "força" nos comentários (em forma de emoji, porque por extenso é custoso), enquanto se saboreia um café gourmet.
 
Nas grandes corporações, a humanidade resume-se a relatórios de responsabilidade social e eventos de caridade fotogénicos. O importante é parecer altruísta, não ser. Nos noticiários, a miséria desfila entre intervalos comerciais, e as tragédias internacionais competem pelo tempo de antena com a última tendência de moda.
 
A verdade? A humanidade tornou-se um conceito bonito, mas opcional. Um luxo que se ostenta quando dá jeito e se guarda na gaveta quando incomoda. Porque, no fundo, entre ser humano e ter humanidade, muitos preferem a primeira opção – dá menos trabalho.
 
imagem: Banksy